A Associação Empresarial de Portugal (AEP) deu aos empresários do Norte a oportunidade para formularem os seus desejos e eles não pediram três, como na história de Aladino, mas o dobro.
Mais cooperação entre entidades, mais trabalho em rede, mais apoios para contratar talentos para as áreas rurais, mais formação adequada às necessidades dos territórios, melhores infraestruturas logísticas em territórios de baixa densidade e maior clareza e divulgação nas linhas de apoio ao financiamento.
Foram estes os seis principais pedidos das empresas, conscientes da urgência da adaptação dos seus processos, e qualificação dos gestores e colaboradores, à economia digital.
As ambições dos empresários foram apuradas pela AEP no âmbito de um projeto que conduz, já na segunda edição, designado por Novo Rumo a Norte. A segunda etapa arrancou com o lançamento de uma plataforma online do próprio programa, enriquecida com informações atualizadas ao dia e com um serviço de esclarecimento de dúvidas, entre outras valências.
Na primeira fase (2015-18), o programa esteve mais focado na promoção do empreendedorismo e envolveu 2700 empresas. Agora, a aposta é potenciar o crescimento.
A organização de encontros virtuais, a que a AEP chamou "laboratórios de diagnóstico", foi outra iniciativa no âmbito do programa, tendo decorrido desde novembro até agora. Foi nesses encontros que se apuraram os "desejos" dos empresários.
O espaço virtual colocou em interação micro, pequenas e médias empresas, associações empresariais, organismos públicos, universidades, comunidades intermunicipais (autarquias) e parques empresariais do Norte.
Das discussões destacaram-se temas que espelham as preocupações dos intervenientes, tendo resultado na criação de "núcleos de empresa", destinados a tratar de forma individual cada uma das temáticas apontadas no diagnóstico.
Para o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, os laboratórios de diagnóstico foram uma ferramenta que "permitiu apurar as necessidades territoriais" e vai agora "servir para desenvolver soluções específicas". Deu o exemplo de um programa que, com base nos desafios colocados pelos empresários, está a ser desenvolvido para apoiar empresas no âmbito do comércio eletrónico.
Para estimular toda a dinâmica, a segunda fase do Novo Rumo a Norte - Rumo ao Crescimento, iniciada em julho e com duração de 18 meses, conta com perto de 624 mil euros e prevê ainda a elaboração de um roteiro para o desenvolvimento económico, a concluir em junho.
Com estas iniciativas, Luís Miguel Ribeiro espera contribuir para "homogeneizar o acesso das empresas do litoral e do interior aos mesmos recursos", tendo em conta as disparidades identificadas durante a primeira fase, quando se apurou que, das empresas envolvidas, 49% eram da Área Metropolitana do Porto; 12,6% do Cávado; 9,1% do Ave; 6,9% do Tâmega e Sousa; 8,5% do Alto Minho; 6,4% do Alto Tâmega; 3,9% de Terras de Trás-os-Montes; e 3,7% do Douro.
Luís Miguel Ribeiro tem, assim, a expectativa de dar mais um contributo para "concretizar a coesão territorial", criando condições para modelos de negócio regional, nacional e global.