10 características que fazem um bom gestor

Uma sondagem da Gallup indica que 50% dos colaboradores que mudaram de empresa afirmam que a chefia foi o motivo que os levou a tomar essa decisão.
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Quais as principais qualidades que um bom gestor deverá reunir? O impacto de um mau gestor é inquestionável. Um dos principais motivos que levam à saída dos principais talentos das organizações está relacionado com a insatisfação face à liderança direta ou da gestão de topo. De acordo com uma sondagem da Gallup, 50% dos colaboradores que mudaram de empresa afirmam que a sua chefia foi o motivo que os levou a tomar essa decisão.

People leave managers, not companies.”

A força de trabalho empresarial está a mudar e os millennials (entre os 18 e 35 anos) já representam 32% da população empregada em Portugal. De acordo com a Forbes, 79% dos millennials quer que a sua chefia adote uma postura de mentor. O estudo conclui ainda que 66% dos colaboradores mudaria de empresa se não se sentisse valorizado e esta taxa sobe para 76% no caso dos millennials. Esta é uma realidade cada vez mais presente no mundo empresarial, à qual os gestores de hoje e do futuro terão que se adaptar para garantir altos níveis de engagement e de retenção de talento.

Vale mais um bom mandador, que um bom trabalhador” (provérbio português)

Por isso aqui ficam 10 conselhos a ter em conta:

1. Dar conselhos

As pessoas apreciam aqueles que se preocupam com elas, partilhando as suas opiniões de como devem evoluir ou ultrapassar os desafios do dia a dia. Os gestores que compreendem o estado de espírito das suas equipas, estão presentes e dão feedback no momento sobre a performance das pessoas sempre com uma visão construtiva de como podem melhorar na concretização dos seus objetivos pessoais e da própria organização.

2. Dar autonomia à equipa e não fazer microgestão

As equipas valorizam a autonomia na realização das suas tarefas e os bons gestores sabem disso, focando-se em dar as diretrizes e aconselhamento para atingirem os objetivos finais. Deste modo a microgestão, ou seja, o controlo apertado de todas as tarefas é uma falha comum de muitos gestores que causa desconforto e desmotivação nas equipas.

3. Criar um ambiente inclusivo e mostrar preocupação pelo sucesso e bem-estar de todos

Um bom gestor é aquele que constrói à sua volta um ambiente onde todos são chamados a contribuir com as suas ideias e sintam envolvidos criando deste modo um ambiente inclusivo. Adicionalmente demonstra reconhecimento com o sucesso das equipas e garante que existem todas as condições necessárias para que as pessoas se sintam bem e possam dar o seu máximo.

4. Ser produtivo e orientado a resultados

Um bom gestor lidera pelo exemplo por isso diria que, se queremos que uma equipa seja produtiva e bem sucedida, o seu gestor deve ser a imagem disso mesmo, afinal ninguém gosta de trabalhar para um chefe “molengão” e sem objetivos.

5. Ser um bom comunicador (ouvir e partilhar informação)

Um bom comunicador ouve mais do que fala, este parece-me um dos principais ensinamentos que obtive ao longo da vida. Quando ouvimos os outros, eles sentem-se valorizados e apercebem-se que nos preocupamos com eles. A partilha de conhecimento torna-se fundamental , independentemente do estatuto ocupado por cada elemento de uma equipa. Todos somos fundamentais, logo se não somos detentores de todo o conhecimento, a partilha de conhecimento é uma mais-valia, que nos ajuda a atingir metas mais sólidas.

Por outro lado, no capítulo da comunicação aplicada às equipas é fundamental partilhar as informações que sejam relevantes para a equipa em tempo útil (mesmo aquelas que podem criar desconforto) antes que estas se saibam pela “radio alcatifa” de forma a que o nível de informação seja o mesmo para todos e sem ruído. É ainda importante partilhar os sucessos em público e direcionar as críticas em privado.

6. Ajudar a desenvolver a carreira e fornecer feedback sobre a performance

O bom gestor deve ter uma visão clara das expectativas individuais, partilhando isso com todos os elementos da equipa. Garantindo desta forma que cada um está ciente do que se espera deles. Deve também fornecer um feedback honesto sobre a performance de cada um, sempre com um espírito construtivo. Para isso, deve procurar reunir o máximo de informação sobre cada elemento da equipa, conhecendo bem cada um, nomeadamente o que fazem, os contratempos que tiveram e como gerem o seu dia a dia.

Caso o gestor não valorize isso, a credibilidade dos elementos, no seu trabalho pode ser duvidosa e não reconhecerão o seu feedback como válido, as suas opiniões ou sugestões de melhoria. Os momentos de avaliação tornar-se-ão momentos de stress, podendo mesmo originar desmotivação, desagregação, sentimento de desvalorização profissional ou falta de reconhecimento, e culminar no abandono da equipa.

7. Ter uma visão clara da estratégia para a equipa

Conhece bem a visão “alto nível” da empresa e adapta-a de acordo com as características da sua equipa. Garante ainda que os resultados esperados para a sua equipa estão alinhados com a visão de topo da organização, só assim o reconhecimento surgirá e as pessoas sentirão que o seu trabalho contribui para o sucesso de toda a organização.

8. Ter bons conhecimentos técnicos para apoiar as decisões da equipa

Um gestor pode ter elementos na sua equipa que dominam melhor que ele os conhecimentos técnicos. Nesse caso, deve reconhecer valor a esses elementos, trabalhando com eles como aliados, aprendendo com eles e não se sentindo constrangido por isso. Em simultâneo, deve ter a preocupação de dominar alguns conhecimentos técnicos para estar ao nível da sua equipa, de forma a conseguir identificar problemas, encontrar estratégias de resolução, discutir ideias e delinear objetivos reais e concretos que contribuirão para o sucesso da equipa, pois é fundamental pertencer ao grupo e ter voz ativa na tomada de decisões.

9. Colaborar com outras equipas

O sucesso muitas vezes depende da colaboração/partilha com outras equipas, portanto é fundamental criar boas relações entre equipas, fomentar o sentido de partilha e de disponibilidade, para que os objetivos de ambos sejam atingidos numa relação de parceria win-win.

10. Não ter receio de tomar decisões

Já todos conhecemos líderes que têm medo de tomar decisões, nunca assumem o risco e procuram que as suas decisões sejam sempre consensuais, para se salvaguardarem, se o resultado não for o melhor. O problema é que chegar a estes consensos pode levar demasiado tempo e pode perder-se o sentido de oportunidade. Um bom gestor deve ter a capacidade de assumir o risco de tomar decisões e acredito que as equipas valorizam estes líderes.

Obviamente, é importante saber reunir o máximo de informação possível de preferência de várias fontes, para tomar a melhor decisão, fundamentando-a de forma coerente e responsável.

Muitas das características acima abordadas são inatas mas podem ser aperfeiçoadas. Se tivermos a consciência daquilo que as pessoas valorizam, estaremos despertos para as suas necessidades e podemos potenciar as suas capacidades, motivando-as e valorizando-as em simultâneo.

A liderança não deve ser imposta mas reconhecida de forma natural, se isso não acontecer fará com que ao longo do tempo o líder fique apenas rodeado daqueles que se acomodaram na equipa, porque os que realmente lhe trariam valor foram gradualmente coagidos a abandonar a equipa.

Associate Specialist Consultant da área de Governance & Quality da Mind Source

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