Vinte anos depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, uma nova minissérie documental do canal National Geographic, "9/11: Um Dia na América", mostra imagens inéditas e testemunhos nunca antes vistos daquele dia. Entre a carnificina e o medo, a série mostra os inúmeros atos de bravura que aconteceram e a resiliência dos que sobreviveram, muitos graças ao sacrifício de outros..É precisamente por isso que o primeiro episódio, "Emergência", menciona o papel do português Carlos S. Da Costa, diretor assistente de serviços de edifício na Autoridade Portuária de Nova Iorque e Nova Jersey, que morreu herói naquele dia. Apesar de ter tido a oportunidade de sair em segurança, ele e três outros colegas - Frank De Martini, Pablo Ortiz e Peter Negron - lançaram-se numa operação de evacuação..Os seus escritórios estavam situados no 88º andar e todos tinham chegado cedo ao trabalho. Estavam a beber café quando o avião pirateado embateu entre os pisos 93 e 99 da Torre Norte, às 8h46 da manhã de 11 de setembro. Depois de ajudarem a desentulhar a entrada para uma das escadarias e dirigirem as pessoas para a saída, não prosseguiram com elas. Subiram até ao 89º andar e mandaram abaixo uma parede para libertar dezenas de pessoas que estavam presas, passando depois a ajudar no salvamento das pessoas que estavam dentro dos elevadores parados..A produtora da 72 Films Caroline Marsden, que produziu a série documental para a NatGeo, disse numa mesa redonda que as ações de Carlos Da Costa e os colegas salvaram cerca de 70 vidas. "Disseram-lhes para evacuar e, ao invés disso, foram salvar pessoas", explicou Marsden..Mas eles, cujo altruísmo é referido nesta série documental, já não conseguiram sair vivos do ataque. Morreram quando a Torre Norte desabou, uma hora e quarenta e dois minutos depois do choque inicial..Carlos S. Da Costa, que tinha 41 anos em 2001, era natural de Canas de Senhorim e emigrou para os Estados Unidos ainda em criança, quando tinha dez. O perfil publicado pelo New York Times no rescaldo dos ataques descreve-o como orgulhoso da sua herança étnica e da cultura portuguesa, que fazia questão de promover regularmente. Só falava português com os filhos em casa, convidava os colegas de trabalho a comer nos restaurantes portugueses de Newark e levava pastelaria típica portuguesa para distribuir no escritório.."Curioso e gentil", descreveu outro perfil do português caído nas Torres Gémeas, publicado pelo The Star-Ledger. A irmã, Celeste Matias, disse ao jornal que ele passava muito tempo a jogar golfe com o sobrinho Francisco e era treinador de basebol numa liga júnior. "Ele era engraçado. Estava sempre disposto a estender a mão para ajudar alguém", contou a irmã, na reportagem publicada na altura..Carlos S. Da Costa foi uma das 2.606 vítimas que pereceram no World Trade Center há vinte anos. Em seis episódios, esta série documental mostra o minuto a minuto dos eventos do 11 de setembro, com recurso a imagens de arquivo e vídeo amador captado por moradores de Nova Iorque, que a equipa de produtores conseguiu contactar. Os atos de heroísmo e perseverança, o trauma e a superação, a resiliência e o profundo impacto daquele dia numa geração inteira são o foco desta série documental, que não tem qualquer outra voz que não a dos sobreviventes.