De acordo com o jornal Público, 60% das pessoas que instalaram a aplicação StayAway Covid já a eliminaram dos seus dispositivos. O aumento da instalação desta plataforma deu-se em outubro de 2020 depois da discussão no Parlamento da obrigatoriedade da mesma. No entanto, com a proposta de lei chumbada, os números descem cada vez mais e, dos 2,8 milhões de pessoas que a tinham descarregado até meados de dezembro, agora, apenas 39% continuam a usar.
Porquê a ineficácia?
Lançada há já 5 meses, e com os números de infetados mais altos do que nunca, esta ainda só foi utilizada para enviar 2708 alertas de contágio.
O Inesc Tec - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, que coordena a app - queixa-se de falta de organização, falta de formação de médicos e burocracia.
A aplicação, só por si, de pouco ou nada serve. É necessário inserir um código para dar o alerta, no entanto, este processo parece levantar algumas dúvidas ou desconhecimento - quer por parte de quem está infetado, quer por parte de alguns profissionais de saúde.
"As pessoas estão a perder a confiança na app porque não há códigos" afirma o presidente do Inesc Tec, José Manuel Mendonça, ao jornal Público. "E não há códigos porque os médicos estão mal informados sobre a forma como a app funciona e onde se encontram os códigos", acrescenta. "Desde que a aplicação foi lançada que há médicos que nos contactam a pedir ajuda. Não deveria ser assim."
Por outro lado, Rui Nogueira, médico de família e ex-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), refere ao mesmo jornal que "o problema é que as pessoas se esquecem de pedir os códigos na altura do diagnóstico, ou acham que serve de pouco se vão ficar isoladas".
Relativamente ao que está a ser feito para melhorar esta ferramenta desenvolvida de forma a controlar, em parte, a pandemia da covid-19, o Inesc Tec afirma ter atualizado a aplicação para que os códigos sejam automaticamente enviados para os dispositivos dos utilizadores.
Ainda assim, de nada adiantou uma vez que é necessário o parecer positivo Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) e o processo - com a proposta enviada a 20 de novembro - encontra-se parado há largas semanas.