"2025 vai ser o ano do chatGPT moment para robôs humanoides"

Vasco Pedro, cofundador e CEO da Unbabel, em entrevista na Web Summit
Vasco Pedro, cofundador e CEO da Unbabel, em entrevista na Web Summit
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O próximo ano promete avanços tecnológicos surpreendentes, afirma Vasco Pedro, cofundador e CEO da Unbabel. “Vamos começar a perceber que já existe, de facto, a capacidade de ter robôs humanoides a interagirem com seres humanos em ambientes reais”, refere em entrevista ao Dinheiro Vivo, durante a Web Summit, sugerindo que a startup portuguesa poderá estar também a pensar explorar esta área de desenvolvimento.

Embora esta visão possa parecer futurista, a Unbabel já se destacou ao apresentar o Halo na Web Summit do ano passado. Esta tecnologia, que permite comunicar sem falar ou escrever, combinando inteligência artificial generativa com uma interface neural não invasiva, transformando padrões de sinais bioelétricos em linguagem. Entretanto, o Halo também já foi demonstrado numa conferência das Nações Unidas dedicada à inteligência artificial para o bem da sociedade, a AI for Good. E, agora, a Unbabel prepara-se para fazer o spin-off desta inovação, estando à procura de um CEO para liderar o novo projeto ainda este ano. “Acredito que o Halo não deve ser apenas uma tecnologia para Portugal; é uma tecnologia para o mundo e, portanto, seja quem for o próximo CEO, português ou não, terá de ser capaz de levar o Halo ao mundo”, diz Vasco Pedro.

Na entrevista, o CEO destaca ainda o impacto crescente da inteligência artificial na tradução, atingindo níveis que se aproximam da substituição do trabalho humano. “Estamos a chegar a um ponto em que, tecnologicamente, a capacidade de tradução está a equiparar-se à dos seres humanos.”

Para 2025, mantém-se ainda a ambição de ver a Unbabel atingir o estatuto de unicórnio, alcançando uma valorização superior a mil milhões de dólares.

Sobre o lançamento de um modelo de linguagem em português (Large Language Model, ou LLM) anunciado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na abertura da Web Summit deste ano, Vasco Pedro vê a iniciativa como um avanço significativo para posicionar Portugal no desenvolvimento de tecnologia de inteligência artificial. “Não é suficiente comprar um LLM que já existe; é necessário desenvolver um LLM com dados que apenas o Governo possui, que esteja sob o seu controlo e tenha uma série de dimensões que permitam o seu uso com confiança”, explica o CEO da Unbabel, empresa que lidera a gestão do centro para a IA responsável em Portugal.

Para Vasco Pedro, todos os países devem apostar na sua própria estratégia de IA. “Acredito que há dois pilares completamente fundamentais: o Governo dar o exemplo, promovendo uma inteligência artificial responsável que traga valor a todos os cidadãos, e o anúncio de um LLM português é um passo importante, pois estabelece um objetivo concreto com medidas e resultados claros. O segundo pilar é o investimento em infraestrutura de data centers dedicados ao treino de modelos de IA, uma capacidade essencial para a soberania de qualquer país no futuro.”

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