Portugal celebra 25 anos do Relatório de Michael Porter, reputado estratega empresarial, que aplicou o seu modelo de vantagens competitivas à economia portuguesa, data que o Fórum para a Competitividade não deixou de assinalar, com o seminário “Crescimento da Economia Portuguesa – o deve e haver do Projeto Porter”.
Lembro-me bem deste Projeto, muito meritório, envolvendo dezenas de stakeholders, com vários grupos de trabalho, onde se incluíam empresas e associações empresariais, tendo a AEP participado.
O objetivo era promover um novo paradigma para a mudança, que permitisse aumentar a competitividade empresarial, suportada por políticas públicas horizontais ajustadas, definindo-se cinco áreas – Educação, Financiamento, Gestão Florestal, Capacidades de Gestão e Ciência e Tecnologia –, que se juntavam a seis clusters – Vinho, Turismo, Automóvel, Calçado, Malhas e Produtos de Madeira.
A 25 anos de distância, os resultados mostram que estes clusters, alguns rotulados “tradicionais”, e que prefiro apelidar “com tradição”, souberam bem responder ao “Audito da competitividade”. Graças às estratégias empresariais competitivas protagonizadas por empresários de grande valia, com o envolvimento das associações empresariais e do sistema científico e tecnológico, entre outros, que têm apoiado na inovação, capacitação e internacionalização crescente, temos hoje empresas mais desenvolvidas e sofisticadas, cuja qualidade dos produtos e serviços é reconhecida nos mercados internacionais.
E quanto ao papel do Estado no apoio à competitividade da economia portuguesa? Os fundos estruturais, co-financiados pelo erário público, foram determinantes, não o esqueçamos. Mas para além disso …
Vale a pena recordar algumas recomendações “O governo deve criar o ambiente certo, no qual as empresas possam competir e melhorar (…) adotar uma visão sistémica através da reforma da sua organização funcional e da sua própria reconfiguração em termos dos problemas relacionados com a competitividade”.
Foi aqui que o país falhou. Ao Estado, continua a faltar a reforma estrutural que permita melhorar a qualidade dos seus serviços e ambiente dos negócios da iniciativa privada, com políticas públicas que eliminem obstáculos ao investimento e promovam a competitividade do tecido empresarial. Nesta matéria aprendemos ainda muito pouco!
Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP)