40% da população ativa prevê recorrer ao crédito

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Geração X, millennials e centennials: a compra de automóvel é o principal motivo que leva os portugueses a contratar crédito ao consumo, segundo o Montepio Crédito

Quase metade da população ativa em Portugal planeia vir a recorrer ao crédito num futuro próximo. Esta é uma das principais conclusões do barómetro do Montepio Crédito, que aponta ainda que, independentemente da geração a que se pertence, metade dos inquiridos indica a compra de automóvel como principal motivo para pedir um empréstimo ao banco.

O estudo avalia as tendência de acesso ao crédito ao consumo, analisando as três principais gerações que representam 5,4 milhões de portugueses: a geração dos centennials, que abrange os jovens entre os 20 e os 24 anos; os millennials, com idade entre os 25 e os 39 anos; e a geração X, entre os 40 e os 59 anos.

A geração X compreende 56,5% dos portugueses no ativo, a que se segue a dos millennials, correspondente a 34,1%, e dos centennials, com 9,3%.

Hábitos diferentes

Segundo o estudo do Montepio Crédito, são os millennials quem mais planeia recorrer ao crédito, com 43% dos inquiridos a sinalizarem essa intenção. Por género, são os homens os que vão liderar na contratação de empréstimos para o consumo.

Em geral, 38% dos portugueses planeiam recorrer ao crédito para comprar ou trocar de automóvel. Segue-se a compra de bens para o lar e obras em casa, com 25% dos inquiridos a apontarem estes destinos para os empréstimos ao consumo. Os estudos e a formação são o quarto motivo apontado para o endividamento futuro, seguindo-se a intenção de comprar equipamento informático.

Mas há diferenças nas tendências de comportamento entre as diferentes gerações, no que toca aos motivos para contratação de crédito no futuro. Os centennials são os que mais pretendem comprar ou trocar de carro, com 39% dos inquiridos a apontarem este motivo. Já os millennials são os que mais vão gastar na compra de bens para o lar, com 28% das respostas a apontar nesse sentido. Quem mais pretende gastar nos estudos e na formação é a geração dos centennials, com 25% de intenções expressas no barómetro.

A geração X é a que mais visa endividar-se para fazer obras em casa, com 29% de respostas positivas. Quem vai liderar na compra de equipamento informático é a geração dos centennials, que também é a que mais vai endividar-se para fazer viagens ou ir de férias, comprar telemóveis ou smartphones e gastar em saúde, estética ou bem-estar. Já 11% dos portugueses da geração X vão endividar-se para pagar créditos que já contraiu.

Quanto aos motivos que levam à escolha do fornecedor de crédito, o preferido é o banco onde o consumidor já tem conta bancária. Os centennials são os que mais preferem optar pelo seu banco, com 49% a apontar para esta preferência. Os millennials são mais sensíveis a ser aconselhados pela loja onde vão fazer a aquisição. Simplicidade e rapidez do processo são prioritárias e sobrepõem-se mesmo à questão do custo do crédito a contratar, para as três gerações analisadas no estudo.

Geração X lidera nos cartões

Também nos meios de pagamento preferidos há diferenças entre as três gerações. Enquanto que 40% dos portugueses da geração X usam cartão de crédito, a opção de fazer pagamentos por smartphone é a escolhida por 52% dos centennials. Ainda assim, o cartão de débito é referido como meio de pagamento utilizado por mais de 90% dos inquiridos das três gerações.

O Montepio Crédito, que completou os seus 27 anos de existência no dia 1 de junho, é a maior instituição financeira de crédito especializado de capitais exclusivamente portugueses. A propósito do seu aniversário efetuou este estudo, levado a cabo pela Netsonda, e que foi baseado em 1800 entrevistas online efetuadas entre 19 e 29 de março.

Pedro Alves: “O crédito é a antecipação de poupanças”

Pedro Alves, presidente do Montepio Crédito, considera que os consumidores têm estado a compensar os anos de crise.

Porquê fazer este barómetro?

O crédito é a antecipação de poupanças futuras. E tem que ver com o ciclo de vida. É importante este enquadramento porque na nossa indústria temos vindo a notar alguma negatividade em relação à concessão de crédito e à contração de empréstimos. Eu diria que, fazendo um paralelismo com a indústria farmacêutica, tal como se tomar muitos medicamentos pode fazer mal, endividar-se muito também faz mal. O endividamento é necessário mas deve ser tomado em doses moderadas e com aconselhamento. É esse o espírito que preside ao desenvolvimento do trabalho que nós fizemos neste Barómetro Consumer Trends, cujo objetivo é saber como é que as pessoas estão a perspetivar o seu futuro, em termos de consumo e de necessidades de financiamento.

O crédito atingiu máximos.

No crédito para o consumo, o máximo de dez anos foi atingido em março de 2010. O mínimo foi atingido em abril de 2016. O crédito aos consumidores tem vindo a recuperar para o máximo dos últimos três anos. O novo crédito concedido arrefeceu mas o stock continua a crescer. Há uma compensação dos anos da crise.

Mas muito do crédito é contratado em lojas.

A partir de 2018, passaram a estar regulados os intermediários de crédito que atuam nos pontos de venda. O regime jurídico obriga a um conjunto de deveres de informação e de aconselhamento. Do ponto de vista de regulação e de concorrência este é um tema central. Porque as práticas de concessão de crédito nos pontos de venda eram muito díspares e, a partir do momento em que passa a haver regulação, passam a ser mais uniformes.

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