60% dos portugueses não sabem qual é o seu spread

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Mais de dois milhões de portugueses têm crédito à habitação

mas poucos são os que sabem o que é o spread e qual o valor

aplicado no seu empréstimo.

O Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa,

realizado pelo Banco de Portugal, revelou que a maioria das famílias

não sabe que o spread é a taxa cobrada pelos bancos na

concessão de empréstimos além do indexante, e que esta tem um peso

preponderante no valor da prestação.

"Constata-se que 61% dos entrevistados não

sabem o que é o spread que incide sobre uma taxa de juro de

referência", tendo só 17% acertado na resposta.

Mas não é só no conceito que os portugueses revelaram

desconhecimento. Quando questionados sobre qual o spread do seu

crédito à habitação, 60% não sabe ou apenas tem uma ideia. "

Apenas 39% afirmam saber exactamente o valor do "spread"",

revela o inquérito.

Ainda no crédito à habitação - a despesa mais importante no

orçamento de muitas famílias portuguesas - outro dos conceitos

que não é dominado, e que tem influência na prestação do

empréstimo a pagar à banca, é a Euribor.

"Apenas 9% dos entrevistados sabe que se trata

de uma "taxa que resulta dos empréstimos realizados entre um

conjunto de bancos europeus"", refere o Banco de Portugal. Já

38% não sabe, enquanto 53% respondeu incorrectamente.

Estas conclusões levaram o governador do Banco de Portugal a

apelar a um maior envolvimento dos bancos na informação. "Temos

de assegurar, do ponto de vista ético, que [os bancários] no balcão

encontram o equilíbrio adequado entre o interesse da instituição,

que é vender, e do cidadão, que é manter-se solvente", adiantou

na apresentação do Inquérito.

Poupança

O inquérito destacou também os hábitos de poupança. Segundo o estudo quase metade dos portugueses (48%) não

poupa. "Destes, a grande maioria (88%) aponta como razão para não

poupar o facto de o nível de rendimento não o permitir, enquanto

7% por cento não o consideram uma prioridade", adianta o

inquérito.

Já dentro das famílias que conseguem poupar, uma parte

significativa revela não o fazer com muita frequência. "Apenas

56% referem poupar com regularidade, sendo que 44% fazem-no de forma

irregular, utilizando, por exemplo, o subsídio de férias ou de

Natal", adianta o inquérito do Banco de Portugal.

Perante estes hábitos de poupança das famílias, Carlos Costa

adiantou que "Portugal tem de compensar a poupança insuficiente do

passado que levou a um aumento de dívida, ao tirar vantagem da

confiança que os portugueses têm no seu sistema bancário. "O

maior activo que temos em Portugal é a confiança pública no

sistema bancário, que é das mais elevadas na Europa", concluiu o

governador do Banco de Portugal na apresentação do inquérito.

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