7 Dicas de Contabilidade e Gestão em tempos de pandemia

Publicado a

Os inegáveis impactos desta pandemia estão a ser sentidos de diferentes formas pelos diferentes setores de atividade e pelas empresas. Do alargado mundo das possíveis dicas que poderiam ser dadas neste contexto, destaco as que têm maior aplicação no tecido empresarial como um todo e, sobretudo, nas micro e PME. Saliento ainda que a posição de um líder de uma empresa é sempre muito solitária e que, cada vez mais, os empresários têm de estar munidos de expertise nas mais diversas matérias para que consigam alcançar o sucesso. Recorrer ao outsourcing dessas competências em fases cruciais pode parecer à primeira vista inatingível, contudo, existem soluções que se adaptam ao estádio das empresas e que vão ao encontro das suas necessidades e capacidades.

1. Conhecer as medidas de apoio às empresas

Porque o atual contexto económico e social do país tem sido marcado por sucessivos anúncios de packs de medidas de apoio às empresas, teria de começar por aqui. Como o tema da tesouraria é hoje ainda mais crítico para as micro e PME, torna-se fulcral detetar todas as medidas de apoio o mais rapidamente possível. Criar mecanismos de monitorização ou, em alternativa, destacar bons consultores ou contabilistas para este tipo de matérias pode fazer toda a diferença a vários níveis de decisão da empresa. Pior do que desconhecer, é recorrer a uma medida desajustada ou agir fora de tempo; e muitas vezes o desconhecimento leva-nos precisamente a isso - à má gestão. Adicionalmente, o tema dos apoios tem associado o fator do tempo de uma outra forma, pois os timings de submissão dos processos e das candidaturas podem ser apertados ou complexos. Nesse sentido, sendo a atual prioridade a própria sobrevivência da maioria dos negócios para que mais tarde possam florescer, as oportunidades de apoio não podem ser descuradas.

2. Obter informação financeira de forma atempada

Num contexto de incerteza como aquele que atravessamos, grande parte das decisões têm de ser tomadas a uma velocidade comparativamente superior, de modo a aproveitar potenciais oportunidades e evitar riscos desnecessários. Torna-se por isso indispensável manter a contabilidade da empresa organizada, sendo esta não apenas a atividade pressuposta pelo cumprimento das obrigações fiscais - que enquanto tal não acrescenta propriamente muito valor às decisões dos gestores -, mas antes o conjunto das atividades contabilísticas entendidas enquanto barómetro real das operações das empresas. É de não esquecer, por isso, que a contabilidade organizada tem um propósito estratégico no dia-a-dia da gestão da empresa, bem como na gestão a médio e longo prazo.

3. Planear e estabelecer objetivos:

Por vezes, as micro e pequenas empresas surgem de ideias e visões que, por mais empreendedoras e elogiáveis que possam ser, não assentam num planeamento tão rigoroso quanto possível. Nunca é demais sublinhar as virtudes de planear cada estágio da empresa, até em circunstâncias menos óbvias. Aquilo que é verdade hoje em termos de modelo de negócio pode deixar de ser em dois anos, por vezes até antes. O constante exercício de manter presente o modelo negócio da empresa pode conduzir a diversos tipos de reflexões profícuas, como a de que é necessário reinventar serviços, produtos, abordagens comerciais, entre outras coisas. Ou seja, esse exercício funciona como uma forma de autoconsciência da empresa. Por outro lado, sem objetivos não se consegue traçar um caminho. É por isso útil proceder anualmente à execução do orçamento para o ano seguinte e saber onde e como se vai investir para aumentar a capacidade de entrega ao mercado. Nesse sentido, o orçamento anual equivale a uma bússola do negócio, ajudando a perceber quando e em que condições se atinge o break even, quando se começa a lucrar e, com isso, tomar melhores decisões de investimento.

4. A equipa certa no momento certo

A busca de talento é outro fator crítico para o sucesso das empresas. Um gestor não deve ter receio de contratar pessoas com mais conhecimentos que ele próprio. Muito pelo contrário, deve promover esse tipo de estratégia dentro da sua organização para que esta possa crescer sustentadamente e servir ainda melhor as necessidades do mercado. Por outro lado, lembre-se de que a empatia genuína promove equipas e locais de trabalho felizes. E como em momentos de insegurança é importante transmitir segurança, não se esqueça também de agir e falar de forma assertiva, de ser verdadeiro e transparente, de comunicar tanto os objetivos como os resultados, o que ajudará na retenção dos talentos da organização. Não tenha também problemas em delegar ou dar autonomia aos colaboradores. Esta ideia é tanto mais importante quanto mais reconhecermos o fenómeno de que as pessoas estão em modo de trabalho remoto. Há que ter confiança, dar liberdade, contudo não esquecer a monitorização para garantir que a entrega acontece nos timings previstos e com a qualidade de sempre.

5. Com compreensão, mas comunique

Embora tenhamos hoje um modo de vida que pressupõe algum distanciamento físico e, por outro lado, se esteja a registar um abrandamento da atividade da maioria das empresas e organizações, não deixe de comunicar com os seus clientes e com o seu público-alvo. A comunicação positiva atrai de uma forma que a todos beneficia. Tem sempre de haver espaço para comunicar coisas boas e não devemos deixar de nos orgulhar das nossas conquistas e dos nossos feitos, mesmo em tempos mais difíceis. O importante é adaptar essa comunicação positiva aos contextos sociais e económicos mais difíceis, de forma a manter o respeito e compreensão por todos. Não tenha por isso receio de apostar, sempre que possível, na formação de equipas de vendas, no marketing e na divulgação dos seus produtos e serviços, pois é essencial as empresas continuarem em atividade.

6. Torne a tecnologia sua parceira de negócio

Nesta nova realidade, mais do que nunca, é essencial a transformação digital dos negócios, tanto no que diz respeito à relação com o cliente, assim como com a equipa. A transformação digital deve ser transversal e desencadear um processo de gestão automática da documentação e a sua contabilização para que, dentro das áreas administrativas e financeiras definidas, não seja necessária a alocação de tantos recursos humanos para esse tipo de tarefas, garantindo assim maior rentabilidade. Com as constantes exigências das entidades públicas de reporte de informação fiscal e contabilística, os contabilistas gastam na verdade muito do seu tempo com processos manuais, ficando com menos tempo para análises mais estratégicas que muito podem beneficiar a tomada de decisão dos gestores ou empresários.

7. Adaptar ou Inovar

Em momentos de maior necessidade de sobrevivência do tecido empresarial, a adaptação e inovação dos negócios andam de mãos dadas, passe a expressão. Uma adaptação ou inovação estratégica, por mais pontual que possa ser, pode fazer toda a diferença na sobrevivência de um negócio ou no seu florescimento. Nunca é demais lembrar os múltiplos casos de empresas que passaram a produzir bens de proteção médica das pessoas na atual pandemia, e perceber como essa adaptação foi estratégica. Mas não é preciso ir tão longe. Por vezes, basta olhar à nossa volta e encontrar bons exemplos que nos inspirem a fazer alguma mudança no nosso negócio. Avaliar as tendências do mercado e a própria concorrência no setor pode por isso ser algo muito vantajoso.

Partner e Cofundadora do Grupo Your

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt