A era do business analytics

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As organizações focam-se cada vez mais nas suas core competences: competências em que são especialmente fortes e que podem garantir sua sobrevivência no futuro, atendendo às exigências do mercado. Paralelamente, têm de saber lidar com os processos internos e conhecer o que os clientes querem, hoje e no futuro, com muitos desses processos a serem suportados por meios digitais para entender as tendências da pegada online.

A chave é ter o conhecimento certo. Mais especificamente, o que a empresa precisa é que as pessoas certas tenham os dados e as informações certas no momento certo. Quando isso acontece, temos uma tomada de decisão racional que atende às condições estratégicas, operacionais e de mercado.

Independentemente de serem usados ​​modelos preditivos ou previsões, as informações históricas podem mostrar às empresas onde estão. Talvez os especialistas e os seus cenários possam mostrar caminhos diferentes, mas, em última análise, é responsabilidade dos decisores escolher que processos de negócios desejam alterar ou iniciar com base nos dados existentes.

Segundo o conceito de job-to-be-done, os clientes não compram berbequins, compram buracos. Também as empresas não compram servers, software ou algoritmos, compram a capacidade de executar, monitorizar e controlar os seus processos de negócio, além de conseguir ideias de como os melhorar.

Usar o business analytics é melhorar a tomada de decisões e os processos operacionais, bem como alcançar a competitividade possível quando se tem dados relevantes e se sabe como usá-los. Por exemplo, conhecer o passado permite à Amazon iniciar entregas mesmo antes das encomendas ou mostrar com destaque produtos que outros clientes compraram antes. A quantidade, qualidade e timeframe dos dados que a empresa possui é considerada a sua principal vantagem competitiva.

Desenvolvimentos relevantes

Nos últimos anos, houve alguns desenvolvimentos relevantes. Um deles é o big data, frequentemente associado à conjugação de 4 Vs: volume, variedade, velocidade e veracidade. Volume refere-se à quantidade crescente de dados que são criados, arquivados e processados. Variedade tem que ver com a variedade de formatos (imagens, vídeos, sons, textos, etc.). Velocidade prende-se com a crescente capacidade de transmissão de dados, em que o 5G é um bom exemplo. Veracidade é a confiança e qualidade dos dados, sendo este um dos grandes desafios desta ciência.

Está a intensificar-se também o uso de modelos analíticos para controlar os processos operacionais de forma inteligente, assumindo a inteligência artificial grande preponderância na tomada de decisões. Um desses casos é o marketing omnicanal, em que a comunicação com o cliente é enviada diretamente com base naquilo que este deseja de um canal eletrónico específico. Pense nas ofertas de última hora da Booking.com.

Hoje, o business analytics, para além de suportar a tomada de decisões humanas, é cada vez mais usado e integrado em processos digitais automatizados e repetitivos. Para trabalhar com business analytics, é essencial saber identificar que processos de negócio apoiar com sistemas de informação, bem como identificar como se obtém o valor acrescentado. Por fim, é importante ver a empresa como um conjunto de competências e conhecimentos, alguns dos quais assumem a vertente técnica e outros fazem a ponte entre o técnico e o negócio com foco nos processos e resultados.

O valor acrescentado pode ser alcançado de duas maneiras: por um melhor aproveitamento dos recursos de entrada no processo de transformação, ou seja, via aumento de eficiência, ou por um maior valor acrescentado do que sai do processo, aumentando a satisfação do utilizador ou cliente.

Resumindo, a implantação bem-sucedida de iniciativas de business analytics requer um certo nível de abstração. É necessário ser capaz de ver a organização como uma interligação de sistemas, um conjunto de competências e uma série de processos - e, finalmente, ser capaz de integrar essas três perspetivas umas nas outras.

Nesta era do business analytics, as empresas que fazem um uso cada vez mais avançado da informação conseguem vantagens competitivas. É também um período em que outras organizações falharão e vacilarão como infossauros, apenas com músculos e armaduras, e sem a capacidade intelectual e agilidade necessárias à sobrevivência nas condições de mudança contínua do mercado.

Agostinho Abrunhosa, professor de Operações, Tecnologia e Inovação, e Diretor da AESE Business School

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