A Estratégia Costavélica

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Em 1498 tivemos Nicolau Maquiavel, em 2023 temos António Costa. Temos assistido ao degredo da classe política. Casos diários. Caos ético. Enfim, a evidência da decadência do regime que conhecemos, pelo menos, há 49 anos.

Contudo, aquilo a que estamos a assistir, no fundo, tem uma lógica maquiavélica preocupante por várias razões.

1. Todos estes "casos" e "casinhos" anunciados pelos media nacionais estão a ser "largados" pelos próprios e pelo próprio PS;

2. Para António Costa e o PS a aparente estratégia do caos é benéfica por duas razões:

a) Forçar eleições por iniciativa do Presidente da República ou iniciativa própria para poder reforçar o resultado de janeiro de 2022 -- o que, a acontecer, seria o descrédito e o forrobodó total, mas também assunção do poder total de um "Costa, todo poderoso";

b) Forçar eleições por iniciativa do Presidente da República ou iniciativa própria e perder as eleições para se poder/poderem livrar da liderança dos destinos do país em tempos extremamente difíceis como teremos pela frente, onde teremos de, forçosamente, largar a política populista vigente de pão e circo.

Parece aparente contrassenso, mas não é, a procura de condições ainda mais "absolutistas e referendadas" ou a pura saída são objetivos políticos deste PS todo-poderoso e que se confunde com o próprio Estado. Já estamos na Mexicanização e devemo-lo a António Costa.

Ora, no fundo, temos uma certeza: o PS e António Costa estão a tentar fazer tudo para terem um pretexto para não governar numa época especial e extremamente difícil. Aliás, como têm evitado nos últimos anos, com exceção do IX Governo Constitucional.

Por outro lado, ciente disto, o Presidente da República -- ao contrário do que muitos apregoam e acusam -- tem gerido o Costavelismo ou Costismo de forma a garantir que António Costa e o PS ficam conforme mandato recebido pelos portugueses, custe o que custar. Em primeiro lugar porque, infelizmente, não há alternativas certas nem mobilizadoras; e em segundo lugar porque, neste contexto, o risco de eleições antecipadas e de uma nova vitória PS, apesar de evitável, ainda será provável.

Por isso, penso que há que "sangrar" o PS para que possamos criar a alternativa mobilizadora e necessária, mas também para garantir que os portugueses jamais esquecerão a governança negativa e caótica do PS. Contudo, mesmo que assim seja, para António Costa será sempre positivo, pois garantirá o seu tempo, o seu legado e esvaziará o PS e o respetivo futuro, deixando uma marca indelével na história do partido.

No fundo esta é a estratégia Costavélica, que apenas interessa a António Costa.

Por outro lado, assistimos e registamos a conivência do PSD com esta estratégia e este PS. O que demonstra que, de facto, para além de não termos a alternativa necessária, uma queda governamental antecipada trar-nos-ia o resultado predestinado pelo Príncipe de Falconeri em "O Leopardo", em que "tudo tem de mudar para tudo ficar na mesma".

Seria importante uma união e uma liderança alternativa, sem complexos, sem interesses e sem medo.

António Costa lembra hoje aquele Marcelo Caetano de 31 março 1974 em Alvalade, aquela enorme ovação... pura ilusão... Costa pode continuar a cantar vitória, mas canta uma vitória de pirro!

Portugal não pode ficar sempre na mesma.

Empresário

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