Desde há alguns anos, tenho vindo a defender a necessidade de apostar na indústria e reforçar o grau de internacionalização da economia portuguesa.
Num contexto de conjuntura internacional desfavorável, sobretudo nos nossos principais parceiros comerciais, a estratégia de reforço de diversificação dos mercados de destino das exportações, para países fora da União Europeia, como a AEP tem vindo a defender e a apoiar, nomeadamente com o seu programa de promoção externa BOW - Business On the Way, faz ainda mais sentido.
Devemos refletir e perceber porque é que não assumimos uma verdadeira aposta na indústria e no reforço da diversificação dos mercados?
Basta prestar a atenção a alguns números. O nosso principal parceiro comercial - a União Europeia - continua a manter um peso significativo nas exportações de bens, à volta de 70%. Tal, não constituiria um problema se estivéssemos perante um mercado fortemente dinâmico. Infelizmente, não é o caso.
Apesar de se prever que a economia europeia prossiga o seu processo de recuperação, continuará a crescer de forma medíocre, abaixo dos 2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta 1,6% para 2025 e 1,7% para 2026, após pouco mais de 1% estimados para este ano e 0,6% observados em 2023. São valores bastante inferiores ao crescimento económico médio mundial (3,2% em 2025 e 2026, segundo o FMI).
Nos números, como sempre, importa os detalhes. Olhe-se para a perspetiva da atividade económica dos nossos principais parceiros da União Europeia.
A França, o segundo cliente, regista um modesto crescimento (1,1% em 2025), ao qual se junta a instabilidade política e o severo desequilíbrio das contas públicas. A Alemanha, o terceiro cliente, enfrenta sérias dificuldades na sua economia, e apesar de se prever uma fase de recuperação, o crescimento deverá situar-se abaixo de 1%.
Além disso, é provável que Espanha (principal cliente) e os EUA (o quarto maior cliente e o primeiro fora da Europa) observem algum abrandamento das suas economias em 2025.
Estes quatro países representam, em conjunto, mais de metade do total das exportações portuguesas de bens (56%, no ano passado).
Apesar do clima volátil e incerto, com um acentuar de políticas protecionistas que comprometem as trocas comerciais, o comércio internacional deve continuar a ser visto como fonte de prosperidade, sobretudo para países com um mercado de dimensão limitada, como é Portugal.
Diversificar é um imperativo!
Presidente da Associação Empresarial de Portugal