A família da Maria que deu um filme

Publicado a

Maria e José Ribeiro emigraram há cerca de 30 anos para França. Ele é pedreiro, ela é porteira, e ambos vivem com os filhos no rés-do-chão um edifício situado numa zona nobre de Paris, mais concretamente na casa da porteira, também conhecida como "Gaiola Dourada."

O casal é muito apreciado por todos os que vivem no prédio, sobretudo porque é graças a eles que tudo funciona sem problemas. Só que um dia a família Ribeiro recebe a notícia que vai herdar uma quinta em Portugal, no Douro.

A notícia deixa vizinhos, patrões e restante família em pânico. Até onde serão capazes de ir para reter Maria e José na sua "gaiola dourada" é a questão que se coloca no filme realizado pelo luso-francês Ruben Alves.

Com estreia marcada para hoje, dia 1 de agosto, nos cinemas portugueses, a comédia foi vista em França desde a estreia (17 de janeiro) por mais de 1,2 milhões de espectadores. E cá as expetativas são as melhores. Tanto mais que o filme vem de França com aplauso da crítica e do público.

A produção é da conceituada produtora e distribuidora francesa, Pathé, que investiu cerca de 6 milhões de euros no filme.

Ao Diário de Notícias, Herman Sanches-Ruivo, 47 anos, advogado e conselheiro da Câmara de Paris, e que emigrou com 4 anos de Castelo Branco, conta que foi um dos apoiantes do filme desde o primeiro minuto.

"Senti que este filme podia marcar a história da emigração em França, para que os franceses tivessem a noção do papel dos portugueses e para que os portugueses ficassem orgulhosos", diz o lusodescendente que levou políticos franceses a ver o filme dia 10 de junho.

Com Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Roland Giraud, Chantal Lauby, Barbara Cabrita, Lannick Gautry, Maria Vieira, Jacqueline Corado, Jean-Pierre Martins, Alex Alves Pereira, Sergio Da Silva, Nicole Croisille o filme é realizado por o filho de uma porteira e de um operário da construção, ambos emigrantes há 40 anos em França.

Orgulhoso das suas origens, Ruben Alves, 33 naos, diz, também ao Diário de Notícias, que este filme é um contributo para acabar com os clichés em relação aos portugueses em França.

"A realidade (...) é que os portugueses que vieram nesta época não são embaixadores, trabalham nas limpezas, nas obras e não têm de ter problemas com isso. Pelo Contrário: trabalham para que os filhos hoje sejam realizadores, médicos...", diz o realizador que começou a fazer filmes, custas-metragens, aos 10 anos.

"Quando dizem que é um cliché, então eu digo que eu sou um cliché, porque a minha mãe é porteira e o meu pai trabalha nas obras", responde. Um cliché que arrisca o Prémio da Melhor Comédia em França.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt