A Ferrovia e a Coesão Nacional: Um Imperativo para Portugal!

A Ferrovia e a Coesão Nacional: Um Imperativo para Portugal!
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Portugal encontra-se numa encruzilhada crucial para o desenvolvimento do seu setor ferroviário. A visão da Comissão Europeia revela um horizonte promissor para a conectividade da União, incluindo o nosso país no corredor do Atlântico. A visão é clara: uma rede ferroviária eficiente, sustentável e bem interligada, fundamental para a transição rumo a uma economia de baixo carbono. Estes planos são ambiciosos na modernização, expansão e eletrificação destas redes nos Estados-Membros, no entanto a decisão dos troços prioritários cabe a cada país. Não poderia ser de outra forma, porque são estes que sabem o que melhor serve os seus cidadãos.
O Plano Ferroviário Nacional, o programa Ferrovia 2020 e o Plano Nacional de Investimentos 2030 concentram-se na transformação da rede ferroviária, tendo por objetivo a transferência de mais passageiros e mercadorias para este modo de transporte. Planos cruciais para enfrentar os desafios da mobilidade sustentável e da descarbonização deste setor.
No entanto, o entusiasmo gerado na apresentação destes confronta-se com uma realidade preocupante: a desigualdade na distribuição de investimentos. Nos planos do atual Governo Socialista, observa-se uma concentração excessiva dos recursos destinados à ferrovia no litoral, deixando regiões do interior, com um enorme potencial turístico e económico, à margem do progresso ferroviário. Esta questão não diz respeito apenas às infraestruturas, mas revela uma significativa falta de visão e estratégia nacional. Faltou mesmo ver Portugal por inteiro! Tudo isto revela que o PS ou desconhece as necessidades de todo o território, ou não consegue entender que este desinvestimento agravará o esvaziamento e envelhecimento populacional e a perda de atratividade destas regiões.
É inacreditável este desinvestimento na ferrovia! A Linha do Douro com o seu potencial turístico no Norte de Portugal permanece “fora de carris” nas prioridades do país. A modernização da Linha da Beira Alta e a construção da nova Linha do Alentejo são passos na direção certa, porém insuficientes. Falta concluir a modernização da Linha do Algarve e da Linha do Oeste. O PSD defende uma rede ferroviária abrangente que garanta a conectividade de todo o país, promovendo a igualdade e a coesão territorial. A centralização dos investimentos em Lisboa ou no Porto, não apenas perpetua desigualdades regionais, como contradiz a ideia de uma rede integrada nacional. É claro para nós que, desenvolver o interior é desenvolver o país.
Portugal receberá financiamento da União para concretizar muitos destes projetos, e é crucial não desperdiçar esta oportunidade. Esperemos que não se perca, por exemplo, financiamento do Mecanismo Interligar a Europa.
A colaboração transfronteiriça tem mesmo de existir! É imperativo que Portugal e Espanha estabeleçam um acordo para garantir a interconetividade das redes ferroviárias, essencial para posicionar Portugal como um hub de transporte na Península Ibérica. Sem isso, os esforços de modernização correm o risco de serem isolados, restritos à mobilidade nacional e com pouca abertura para o exterior. Aqui, questionamos a escolha do governo socialista pela opção da alta velocidade Aveiro - Salamanca na Rede principal Transeuropeia de Transportes, em detrimento da ligação de Bragança-Vila Real - Zamora, quando da parte do governo Espanhol, não há essa intenção. O PSD propôs, no Parlamento Europeu, a opção Zamora como uma ligação contínua entre os dois países dentro da rede principal, porque dentro desta
estabelecem-se prazos mais curtos e há financiamento específico. No entanto, segundo a Comissária Europeia dos Transportes, na prática, com a opção socialista da linha Aveiro-Salamanca, Portugal terá uma linha de alta velocidade superior a 200 km por hora, com um prazo de conclusão até 2030, enquanto Espanha terá um troço convencional com uma velocidade mínima de 100 km por hora, com conclusão até 2050. Esta descoordenação não faz sentido!
O futuro ferroviário de Portugal depende não apenas de investimentos financeiros, que existem, mas de uma abordagem holística que considere todas as regiões e a integração europeia. Esta é uma oportunidade que o futuro governo terá em mãos: modernizar as suas infraestruturas, garantindo que o interior não será preterido.

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