Poderíamos chamar-lhes simplesmente "fazedores" - como apropriadamente lhes chama o Dinheiro Vivo, numa das secções que preenchem semanalmente estas páginas - mas virou moda nos últimos anos chamar-lhes "empreendedores". O empreendedorismo (leia-se: capacidade de desenvolver e dinamizar novos produtos, serviços ou empresas) é um ingrediente fundamental para qualquer economia vibrante. Mas pode ser muito mais, servir para muito mais. E é por isso que vos falo hoje da importância da educação para o empreendedorismo. Em qualquer nível de ensino, mas em particular, no superior.
Ser empreendedor (ou ser um "fazedor") não é apenas criar uma ou várias empresas. É ser dinâmico, pró-ativo e capaz de trabalhar para o bem comum. Não podemos ter um país com 11 milhões de empresários, mas podemos e devemos ter um número cada vez maior de profissionais diligentes e arrojados, com capacidades de comunicação, de socialização, de trabalho colaborativo e das demais soft skills que só uma formação orientada para o empreendedorismo lhes pode dar, independentemente da sua área de saber de origem.
Na Universidade de Coimbra, como em outras instituições de ensino superior nacionais, promovemos uma série de academias, programas e concursos de ideias e de projetos de negócios, com o foco no empreendedorismo. Uma iniciativa em particular, a Académica Start UC, cria uma rede de embaixadores para o empreendedorismo baseada em cada núcleo de estudantes da Associação Académica de Start UC, promovendo um ecossistema que julgo ser único no país: o embaixador de cada núcleo funciona como mentor, promovendo iniciativa para envolver e capacitar os seus colegas de curso e de faculdade.
Este é um projeto consolidado - desde o seu início, em 2016/17, envolveu quase 200 embaixadores, cerca de 50 000 participantes e mais de 250 iniciativas - que não me incomodaria ver replicado noutras instituições de ensino superior nacionais (mesmo sabendo que mais facilmente se adapta a uma cidade universitária como Coimbra). Todos temos a obrigação de promover uma educação para o empreendedorismo, transversal a todas as áreas de saber (focando aspetos que muitas vezes não são abordados na formação tradicional). Essa será também mais uma forma de as universidades saírem dos seus muros e facilitarem a partilha de conhecimento com a sociedade.
Reitor da Universidade de Coimbra