O Encontro de Natal Sharing Knowledge que se realizou no Teatro Thalia foi um momento de celebração da alegria e confiança que deve marcar o ato de partilha entre todos. Como muito bem deu nota Pedro Afonso, um dos oradores, precisamos de uma
nova inteligência coletiva que nos habilite a ser mais competentes naquilo que fazemos e a injetar um maior capital de confiança nas comunidades em que estamos integrados. Com esta crise, tudo passou a ser diferente e nada passou a ser igual. Quase quatro anos depois de ter sido criada a rede informal de partilha Sharing Knowledge mantém vivo o seu objetivo de ajudar a construir soluções inteligentes para o futuro que aí vem.
Charles Leadbeather, um dos mais interessantes pensadores na área da inovação, ficou célebre pela frase - "We are what we share". Esta frase é muito clara - nós somos muito aquilo que somos capazes de partilhar e ao fazê-lo estamos claramente a darum sinal muito positivo em relação à nossa integração numa sociedade que se quer aberta e focada no futuro. A sociedade de que nos fala Karl Popper e em que muito acreditava Diogo Vasconcelos, um empreendedor e campeão da inovação que muito marcou uma geração portuguesa e era também amigo de Charles Leadbeather. Precisamos, como muito bem defendeu a Fernanda Freitas, de um novo sentido de entrega ao outro, em que a partilha seja um fator de construção de novas identidades.
As organizações em que estamos são muito o que nós somos. E apesar desta nova revolução digital que está a alterar a cadeia de valor dos negócios e a agilizar a dinâmica das articulações em rede, a capacidade de antecipar o futuro é algo que continua muito a depender do sentido de oportunidade e de abertura para ser inovador e eficiente. A partilha de informação e de conhecimento deve ser um contexto e um conceito que emerge desta capacidade natural de sermos livres e podermos contribuir com ideias para uma maior qualidade das nossas instituições e uma maior realização individual dos cidadãos. Nós somos muito o que partilhamos e nós vamos continuar a partilhar porque acreditamos no futuro e queremos fazer parte dele.
O conhecimento não se constrói por decreto. Passa por um processo colaborativo, em rede, de partilha de ideias e de informação, com o objetivo de ajudar a encontrar novas pistas de abordagem inteligente para um tempo novo que aí vem. O Sharing Knowledge é isso mesmo -um contributo simples e prático para fazer da partilha um instrumento de construção de novas abordagens estratégicas focadas no valor, na inovação e na criatividade como enablers de distinção competitiva para uma nova agenda com sentido. A insustentável leveza de partilhar - uma aposta que nos deve mobilizar para a construção do futuro.
Francisco Jaime Quesado, Economista e Gestor - Especialista em Inovação e Competitividade