
A transferência de jogadores da liga norte-americana de futebol, a Major League Soccer (MLS), para a Europa, duplicou em cinco anos. Na temporada 2019/20, 38 atletas saíram dos Estados Unidos para o continente; na temporada 2024/25, foram 77 atletas negociados.
Para especialistas, esses dados indicam uma subida no nível competitivo da MLS, que tem atraído jovens promessas sul-americanas, como o brasileiro Gabriel Pec, ex-Vasco da Gama e hoje no Los Angeles Galaxy, ou o argentino Federico Redondo, ex-Argentinos Juniors e atualmente no Inter Miami.
“A contratação de jovens promessas na MLS nos últimos anos fez com que acontecesse o movimento contrário, com esses mesmos jogadores, após uma ou duas épocas, a despertarem o interesse de clubes dos grandes centros. Ao mesmo tempo, existe o período Messi no Inter Miami, que fez dos EUA uma montra desde então”, lembra Cláudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management Brasil, especializada na gestão de carreira de atletas, ao DN/Dinheiro Vivo.
Com Lionel Messi, a MLS tem ganhado também fora dos campos. Desde que o craque desembarcou no país, em 2023, a liga cresceu acima dos desportos americanos tradicionais, com receita 18% maior do que no ano anterior, segundo estudo da SponsorUnited.
Iniciativas como a The Messi Experience, uma jornada interativa produzida pela Primo Entertainment, Moment Factory, que retrata a vida e a carreira do astro, do início em Rosário ao título do Mundial de 2022 com a seleção albiceleste, e permite aos fãs interagirem com o jogador via inteligência artificial.
Nesta temporada, as ligas que mais contrataram jogadores dos EUA foram Inglaterra (14), Dinamarca (10), Sérvia (6), Espanha, Polónia e Bélgica (4 cada), e Alemanha, Suíça, Portugal, Áustria, Finlândia e Suécia (3 cada).
“O maior número de jogadores deixando a MLS rumo à Europa tem também relação com um trabalho muito bem planeado de scout dos clubes e de uma rotina de treinos que privilegia o lado atlético, desenvolvendo não somente força mas também agilidade e flexibilidade”, analisa, por sua vez, Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, liderada pelo cantor Jay-Z, e que gere a carreira de centenas de atletas.
O interesse não se limita ao continente europeu. No Brasil, por exemplo, os números multiplicaram, saltando de duas contratações da MLS em 2019/20 para 16 na temporada 2024/25.
“Eles têm feito contratações em outros países ainda como apostas e posteriormente os clubes grandes pagam valores altos para os trazer de volta”, aponta Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, clube que contratou três atletas da liga norte-americana este ano, Asad, ex-Cincinnati FC, Nathan, ex-Seattle Sounders, e Max Alves ex-Colorado Rapids.
“Eu entendo que os clubes adotaram métodos para tornar a MLS ainda mais competitiva com prospeção e desenvolvimento de jovens; e por outro lado, com a presença de Messi, há mais exposição da liga”, analisa Pedro Martins, CEO do Santos, clube de Pedro Caixinha e Neymar que contratou Barreal ao Cincinnati FC.
Para Martins, “os mercados compradores, como é o Brasil atualmente, devem ter os EUA como foco. Não há como negligenciar o trabalho de scouting e desenvolvimento de atletas que vem sendo feito no país”.