A manhã de sábado é para passear. Na Foz ou em Serralves, de
máquina fotográfica ao peito. Há lugares que se tornaram para mim
quase obsessões fotográficas, como o Molhe, um sítio mítico do
Porto que eu fotografo há dezenas de anos em diferentes condições
climáticas. Normalmente, o almoço é na casa da minha mãe. Somos
oito irmãos e 22 netos, e esse é um dos hábitos familiares mais
saudáveis que vamos mantendo desde tempos ancestrais. Tenho a sorte
de ter uma família grande.
Também gosto de espreitar as livrarias da Baixa ou de passear na
zona dos Clérigos e Ribeira. Nem sempre consigo porque tenho uma
crónica para escrever no JN, que guardo para última. Depois lá
tenho o editor a pressionar-me para mandar os quatro mil carateres...
Os textos escritos sob stress têm um ritmo diferente. A escrita
sempre fez parte dos meus prazeres. Tenho coisas publicadas e muitas
ideias daquelas que achamos que nunca concretizaremos. Um projeto
para romance, um guião... desde miúdo que gosto de escrever. É o
que faço quando ando de avião e comboio.
Por vezes, também saio do Porto ao fim de semana. Gosto do
Alentejo, para onde vou normalmente a convite do meu grande amigo
Miguel Sousa Tavares. Passo o fim de semana na casa dele, em Pavia,
quando ele não caça. Não sou caçador e não o posso acompanhar,
mas partilhamos algumas paixões, como cozinhar e jogar snooker, e
conversamos até altas horas.
Sou muito ligado aos amigos, é raro o fim de semana em que não
tenha um jantar ou encontro. Não sou dado a grandes mesas nos
restaurantes, mas gosto de receber em casa, nisso tenho hábitos
muito portugueses. Podemos falar à vontade e dizer asneiras que não
se dizem lá fora.
Reservo o domingo para não fazer a barba e das poucas coisas
mundanas que faço, uma é ver futebol, se o FC Porto jogar. É dia
de os meus filhos jantarem em minha casa e cozinho para eles. Por
vezes, nem os jornais leio. Como contado a André Rito
Perfil: Rui Moreira é empresário, tem 56 anos, dois filhos. É presidente da Associação
Comercial do Porto