A informação rigorosa e factual da União Europeia de que a Roménia se apresta para nos ultrapassar fez nascer em alguns analistas uma imagem falsa. A de uma Roménia pujante, cheia de vigor económico, empreendedora e em renascimento. Uma Roménia que vinda de trás estica o passo, aumenta o ritmo e nos ultrapassa num momento em que estamos a correr a boa velocidade. Nada mais errado..A Roménia continua um país pobre. Não se tornou um milagre económico. Não se tornou uma potência regional, nem um exemplo para ninguém. A sua indústria pouco desenvolvida, os serviços globalmente atrasados. A vida política marcada pela corrupção. A desigualdade social muito vincada. Nada mudou substancialmente nesse país..A melhor imagem sobre a ultrapassagem da Roménia é a seguinte. Na pista temos uma corrida partida em três grupos: os da frente isolados, um grupo mais numeroso que que forma o pelotão e um pequeno grupo de atrasados. Do final do pelotão um corredor parece avançar a passo, perde o contacto com o esse grupo intermédio vai perdendo velocidade e começa a ser ultrapassado pelo grupo dos atrasados. Na corrida nada mudou os atrasados continuam atrasados os da frente continuam a liderar, apenas um corredor que estava no grupo intermédio perdeu velocidade e agora está a ser ultrapassado pelos atrasado, prevendo-se que em breve fique mesmo em último. É assim que as coisas se estão a passar..Na corrida entre os membros da União Europeia Portugal parou de crescer há vinte anos. É natural que a vantagem que tinha sobre os mais atrasados se anule e que estes comecem a ultrapassar-nos. Não porque agora corram desenfreadamente, mas porque nós vamos a passo..Como temos defendido aqui, agora as comparações de Portugal estão a deixar de ser com a Europa e a passar a ser com a América Latina. A cauda da Europa está a ser ultrapassada pelo pelotão da frente da América Latina. É nessa corrida que estamos atualmente. Já não interessa se estamos a crescer mais ou menos que a média europeia, mas sim se estamos a crescer mais ou menos que o Chile, o Uruguai ou a Argentina. A nossa posição no mundo deslocou-se. A nossa posição periférica agravou-se..O nosso contributo para a Europa é do domínio do irrelevante: o turismo, o sol e as praias, e pouco mais. O resto é apenas mão-de-obra barata que pode ser explorada cá ou levada para local mais conveniente para terceiros (através da emigração). A forma como nos tratam é adequada ao nosso estatuto subalterno..Veja-se o pequeno sonho de abastecer a Europa Central através de gás entrado em Sines. A Europa bateu-nos com a porta. Não haverá gasoduto. Ponto final parágrafo. O projeto do gás de Sines foi por água abaixo. Uma enorme derrota do nosso Governo. Haverá uma ligação para hidrogénio líquido. A esperança é que venha a ser produzido cá e exportado, mas o mais certo é acabar por ser ao contrário - ser produzido lá fora e importado através dessa infraestrutura. É o que se chama ir à caça e sair tosquiado. Uma vergonha tão grande que ninguém quer falar dela, do que correu mal, de como evitar estes atos falhados no futuro..A Roménia contínua pobre, nós tornamo-nos mais pobres que eles, a Roménia contínua desigual, nos tornamo-nos ainda mais desiguais, a Roménia continua envolvida em grande corrupção, nós conseguimos agora ultrapassa-los neste triste domínio. Não foram eles que se modernizaram, fomos nós que nos afundámos. É uma grande diferença. Uma diferença tão grande que as nossas elites com a sua consabida incapacidade têm dificuldade de a perceber..A prosseguir a política económica do governo PS, baixo investimento, perda de poder de compra dos salários e pensões, emigração acelerada, colapso do Sistema de Saúde e desastre na educação, mais cedo ou mais tarde seremos ultrapassados pela Bulgária e ficaremos mesmo no último lugar da Europa.