A Rússia insignificante e a Rússia relevante

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A presença histórica de Joe Biden no Conselho Europeu, na passada quinta-feira, prova como o mundo está a mudar por força da guerra que eclodiu na Ucrânia. Há um efeito mundial deste conflito que, desta vez, trouxe o presidente americano até Bruxelas, na Bélgica. As sanções à Rússia na sequência da invasão do território ucraniano estiveram no centro do encontro, até porque as muitas que já foram aplicadas até agora não surtiram qualquer efeito na Rússia, mais propriamente nas ações violentas que Vladimir Putin tem levado a cabo, muitas em forma de crime de guerra.

Em cima da mesa estiveram ainda as formas a usar para conter os preços da energia, que se mantêm em alta e com efeitos devastadores nas economias ocidentais. A primeira fatura a chegar a Portugal foi precisamente a que veio com a conta do gás, da gasolina e do gasóleo e que está a estrangular milhares de empresas, tendo algumas delas decidido mesmo pelo encerramento de portas, o que deixa essas organizações e trabalhadores em estado de grande ansiedade quanto à sua reabertura e futuro no curto prazo.

A economia russa pode ser apenas um peão no xadrez mundial, mas tem a capacidade de provocar um contágio grave em termos energéticos. Moscovo pode ter pouco peso no PIB global - não vai além de 1,5% a 2%, não integrando sequer o top 10 das economias mundiais. O volume da Rússia em termos de comércio internacional também não é sequer relevante - no caso específico de Portugal fica-se pelos 0,3% das exportações lusas e 0,8% das importações, entre os quais estão produtos na categoria dos combustíveis. O problema é que a crescente globalização nos deixou a todos interdependentes.

Na interligação das economias globais, as sanções a aplicar nos próximos dias ou semanas podem ter efeitos nefastos nos países desenvolvidos do Ocidente e há que medir o risco, porque uma coisa é certa: dos chefes de Estado reunidos em Bruxelas aos cidadãos europeus, a maioria concorda que é preciso estrangular as receitas da Rússia, por forma a travar o financiamento da guerra. Há que ter coragem e trilhar o caminho que é certo.

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