A transformação que podemos exportar
A cada dia que passa o futuro da mobilidade e, em particular, dos carros, está a evoluir, o que provoca alterações nos planos dos construtores, tornando cada vez mais competitivo o cluster automóvel. Na China, esta indústria terá um peso na economia nacional cada vez maior e isso está a assustar verdadeiramente a Europa (apesar de maior experiência acumulada na produção automóvel), com preços baixos dos carros elétricos e uma evolução substancial nas baterias, que irá trazer maior confiança aos consumidores com o aumento da autonomia entre carregamentos e maior durabilidade.
A China está até a investir em startups que possam trazer disrupção para este mercado. Apesar dos riscos de investimento, o objeto de liderança eleva a moral de um país que está fortemente empenhado. E a dependência dos grandes construtores europeus na China ajuda a alcançar este propósito.
Portugal está já a apostar na transformação digital do cluster automóvel, consciente de que não podemos ficar de fora deste comboio. Dotar as empresas nacionais fornecedoras deste setor de processos digitais, de automação, de gestão, inovação, novos materiais é essencial no panorama da forte concorrência mundial. E neste caso as empresas nacionais precisam de acesso a financiamento, a fortes incentivos para acelerar a tão desejada transformação digital e a um planeamento nacional de logística e de transportes que coloquem rapidamente os nossos produtos no centro da Europa.
A investigação e desenvolvimento são também cruciais, a par da formação de mão-de-obra altamente especializada que faça a diferença no panorama internacional. Portugal está a provar o seu desempenho e o resultado é que a indústria de componentes automóveis regista uma patente por dia na Europa.
Esta semana, em pleno coração da Beira Alta, em Mangualde, se assinalou o início da produção dos primeiros carros elétricos “made in Portugal”. Com um investimento de 30 milhões de euros, a fábrica da Stellantis deu um enorme passo na transformação da fábrica para acomodar uma linha de montagem para as baterias dos furgões ligeiros das marcas Peugeot, Citroën, Opel e Fiat. “Estamos a testemunhar um importante virar de página nesta unidade fabril. Em breve estará nas estradas uma nova gama de oito veículos elétricos made in Portugal. Esta é a nossa visão para o futuro da indústria automóvel e damos aqui uma prova que é possível concretizar os nossos planos mais ambiciosos, de uma forma sustentável e economicamente viável”, explicou Carlos Tavares, CEO da Stellantis.
O aumento previsto da produção automóvel nesta unidade (mais cinco mil do que em 2023, para um total de 89 mil), conjugando com as 230 mil VW T-Roc (aumento de 4,7% face ao ano passado) fabricadas na Autoeuropa, em Palmela, é um contributo significativo para a economia nacional, através das exportações, e que alimenta o cluster automóvel nesta ambição de manter Portugal no mapa.