"O Mimo foi uma espécie de Kodak e Gillette. Uma marca que deu nome ao segmento. Quando se queria comprar um telemóvel, o consumidor pedia um Mimo." Assim define Adriano Eliseu, fundador da Markimage, agência que criou em 1995 uma das imagens mais icónicas da TMN, o Mimo.."A Markimage foi agência da TMN durante muitos anos", recorda orgulhoso o publicitário de 71 anos. Era nessa altura director de marketing da TMN Pedro Pereira da Silva (que passou entretanto pela Matutano, Grupo Espírito Santo e Leya, entre outros).."Chamaram-nos e deram-nos o briefing que consistia em criar uma forma criativa de dizer que a TMN ia lançar um sistema de pré-pago, para conseguir liderar o mercado, que era da Telecel [atual Vodafone] e que mais tarde lançou a Vitamina", conta Adriano Eliseu..O Mimo foi o primeiro telemóvel com tarifário pré-pago, pronto a utilizar e sem assinatura mensal. O modelo Alcatel HC400 foi um dos primeiros telefones a oferecerem este serviço.."Surgiram-nos vários nomes, uma lista imensa, mas confesso que só me lembro do Mimo", diz. Explica o racional-criativo: "Se quer mimar o seu filho, o seu empregado, a sua mulher... dê-lhes um Mimo. Bem merecem!".E assim nasceu a ideia e imagem do Mimo. Por terra ficam várias lendas (pois é, as marcas também as têm). Uma das mais famosas conta que Mimo começou por ser um nome do código do projecto, pois o responsável por ele era o engenheiro Mimoso.."Não, nada disso", repõe Adriano Eliseu, que se apressa a atribuir os créditos à equipa criativa da altura: Branca Protásio e Vitor (copywriter). "Eu só tive de aprovar", diz. "E o cliente teve a inteligência de aceitar a proposta da Markimage, investiu muito dinheiro e o Mimo pegou. Foi um êxito.".De tal modo, que permitiu à agência fazer a comunicação da privatização da Portugal Telecom (PT) logo a seguir. "Fomos a única agência nacional no top 10 de então, onde estavam sobretudo multinacionais", recorda..O Mimo ganhou tanto peso que se sobrepôs ao branding da TMN e quem veio a seguir parece não ter gostado. A Markimage deixou de trabalhar a marca. "Mimo chegou a ser sinónimo de telemóvel", reforça Adriano Eliseu..Questionado sobre como vê agora a utilização deste momento da marca, para a comunicação da integração da TMN no Meo (pela agência Partners), inclusivamente com o mesmo ator que deu corpo ao mimo em 1995 (Fernando Ascenção), Adriano Eliseu diz sentir uma grande honra. "Talvez tivesse gostado de ter uma palavrinha...afinal, ainda não morri", brinca.."Fico feliz que tenham identificado esse momento como um dos mais importantes da empresa", diz o publicitário..Leia também: Duas histórias, uma marca com outra.vida.Já Lourenço Thomaz, director criativo da Partners, elogia a criatividade da Markimage: "A comunicação na altura era muito inovadora. Aliás, não só a comunicação, tudo o que rodeava o Mimo.".Sobre a escolha deste momento como um dos principais para a mudança TMN/Meo, o criativo diz: "é uma homenagem à história da TMN, uma homenagem às pessoas que fizeram a TMN, à comunicação da TMN, e às grandes inovações da TMN.".Leia também: Zeinal Bava explica como TMN vira Meo.Nomeadamente o facto de o Mimo ser 1º pré-pago lançado em todo o mundo e "isso foi um momento muito importante e relevante não só na história da TMN como na história de Portugal", diz Lourenço Thomaz..Adriano Eliseu vendeu a markimage em 1996 à McCann, gerida então por António Silva Gomes. Depois disso, a agência viveu mais um período sem atividade ou faturação..Vera Nobre da Costa foi a senhora que se seguiu à frente da McCann e ainda tentou encerrar a Markimage de vez, mas Adriano Eliseu chegou a acordo com a Interpublic. Comprou-a por um euro. "Fi-lo por amor", confessa.