Agência DBRS melhora tendência do rating de Portugal para "positiva"

Rating da dívida portuguesa mantém-se no nível BBB alto, fora da área dos ativos considerados especulativos ou 'lixo'.
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A agência de avaliação da qualidade da dívida DBRS anunciou, esta sexta-feira ao início da noite, que melhorou a "tendência" ou perspetiva (outlook) do rating da República Portuguesa de estável para "positiva".

O rating da dívida portuguesa mantém-se no nível BBB alto, fora da área dos ativos considerados especulativos ou 'lixo'. O rating reflete a capacidade do soberano pagar a dívida existente e de cumprir com os objetivos económicos e financeiros a que o País está sujeito.

A nova avaliação foi decidida no passado dia 22 de fevereiro pelo que ainda não têm em conta os impacto da guerra que entretanto eclodiu na Ucrânia, com a invasão da Rússia.

A DBRS diz que "a tendência positiva nas classificações de longo prazo [da dívida soberana] reflete a avaliação de que as vulnerabilidades de crédito de Portugal ligadas à pandemia parecem estar a diminuir, ao passo que as perspetivas macroeconómicas estão a melhorar".

"Apesar do choque sanitário e económico abrupto que provocou uma contração da economia de 8,4% em 2020, o País iniciou uma recuperação saudável no ano passado e espera-se que a economia volte ao seu nível pré-pandémico no segundo trimestre de 2022", acrescenta o estudo assinado pelo analista principal que segue o País, Jason Graffam.

Portanto, a 22 de fevereiro, as perspetivas para a economia portuguesa eram consideradas positivas e "fortes". Diz a DBRS que "a crise [pandémica] não parece ter infligido danos económicos graves de longo prazo".

"Além disso, as perspetivas de crescimento são fortes nos próximos anos, apoiadas por uma maior estabilidade política após o resultado maioritário do governo PS nas eleições de janeiro de 2022, uma população com as mais altas taxas de vacinação na Europa e grandes transferências [fundos] da União Europeia que visam melhorar a capacidade produtiva da economia portuguesa. O crescimento positivo e a reparação do saldo orçamental público em 2021 iniciaram um regresso a uma trajetória descendente acentuada do rácio da dívida portuguesa em relação ao PIB", elogia a agência de origem canadiana.

Recorde-se que foi a DBRS que manteve Portugal ligado à máquina do BCE durante o tempo do resgate e enquanto o País esteve sem acesso aos mercados de dívida. O seu papel foi decisivo porque o BCE continuou a poder ajudar os bancos nacionais com crédito barato. Logo, também a economia e o País como um todo.

A parte menos boa

Apesar do tom mais positivo, a DBRS faz, como fazem todas as agência de ratings, um contraponto com o que pode correr mal e, a prazo, provocar uma despromoção do rating.

"As principais vulnerabilidades de Portugal incluem uma elevada dívida pública, o stress herdado no sistema financeiro e um potencial de crescimento económico relativamente baixo. Estas questões podem tornar-se mais difíceis de gerir se as consequências adversas da atual crise se revelarem duradouras."

Um dos riscos mais salientes para a economia vem da procura externa. "A despesa turística é uma componente importante das exportações de serviços. Os viajantes em alojamentos turísticos em 2021 permaneceram 46% abaixo dos níveis de 2019 e não é claro quando é que o setor recuperará totalmente", observa a DBRS.

Assim, "a recuperação das exportações do setor dos serviços será provavelmente lenta e pesará nas contas do setor externo. Após sete anos consecutivos de excedentes externos, a conta corrente de Portugal voltou a ser deficitária em 2020, situando-se em 1,1% do PIB em 2021".

"No entanto, as contas externas têm-se mostrado muito mais resistentes nos últimos anos do que durante a crise anterior. Espera-se que o forte desempenho das exportações de mercadorias e a recuperação gradual do turismo melhorem o saldo externo nos próximos anos", remata a agência.

(atualizado 22h25)

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