O setor do alojamento e da restauração viveu um final do ano de 2021 em clima de turbulência. Depois de um final de verão que animou o setor, embora não tenha permitido a todos criar uma almofada financeira confortável para suportar a época baixa, tipicamente no primeiro trimestre do ano, os setores da restauração, similares e alojamento viveram um dezembro com centenas de cancelamentos.
A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) inquiriu os associados - e obteve 557 respostas válidas - e as conclusões a que chegou apontam que os cancelamentos para estes setores começaram quando o Governo português anunciou, no final de novembro, medidas restritivas para dezembro e início de janeiro, com o objetivo de tentar travar a propagação da pandemia. A onda de cancelamentos tomou outras proporções com a chegada ao Natal e Passagem do Ano.
"Questionadas sobre o cancelamento de reservas logo após o primeiro anúncio de medidas restritivas, apresentadas pelo Primeiro-Ministro no final do mês de novembro, que previam a obrigatoriedade de apresentação de certificado digital de vacinação para Restauração e Alojamento e testes para bares e discotecas, a larga maioria das empresas de restauração e similares (88%), e 83% das empresas de alojamento turístico começaram a receber cancelamentos", indica a associação liderada por Ana Jacinto em comunicado.
Uma outra conclusão que pode ser extraída do inquérito da AHRESP é que "no total desta época de Natal e Fim de Ano, 47% das empresas de restauração e 42% do alojamento, registaram cancelamentos em mais de metade das reservas que tinham confirmadas".
No setor da restauração e similares, dos inquiridos, 57% das empresas admitiram terem encerrado os seus estabelecimentos no dia 1 de janeiro. No que diz respeito à faturação, 20% das firmas indicaram que tiveram quebras de faturação de mais de 50% em dezembro, face ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, 47% indicou que não lhe foi possível acumular reservas financeiras no verão. E 44% diz que conseguiram criar essa almofada no verão mas que já teve de utilizá-la.
Já no setor do alojamento, 18% dos estabelecimentos indicaram que estiveram de portas fechadas na noite de passagem de ano. Quanto à faturação, também neste setor 20% das firmas indicaram ter registado quebras de faturação acima dos 50% em dezembro, face ao mesmo mês de 2020. E 38% admitem não ter conseguido acumular reservas no verão e 38% indicam que conseguiram criar uma almofada, mas já tiveram de as utilizar.
Através do inquérito, é indicado que 66% das empresas de alojamento indicaram ter uma taxa de ocupação igual ou inferior a 25% nos dias de Natal e "38% das empresas a taxa de ocupação da época do Natal de 2021 foi inferior à de 2020". Já no Ano Novo, 51% das firmas verificaram uma taxa de ocupação igual ou inferior a 25%, "sendo que para 34% das empresas a taxa de ocupação do fim de ano de 2021 foi inferior à de 2020".
Perante este cenário, a AHRESP reitera que estas empresas precisam de mais apoios a fundo perdido.
"Quaisquer novas medidas de saúde pública de controlo da pandemia devem ser, por isso, ponderadas, de forma a atenuar os efeitos negativos que provocam nas empresas da restauração, similares e do alojamento turístico. Para 2022 prevê-se a subida de preços em várias áreas, que terão enorme impacto nos negócios das nossas atividades económicas, pelo que é da maior relevância, já em janeiro de 2022, o reforço dos apoios a fundo perdido, de forma a compensar as perdas e para que se mantenham os negócios e os respetivos postos de trabalho", remata a AHRESP.