Alexandre Soares dos Santos: Jerónimo Martins vai continuar em Portugal

Alexandre Soares dos Santos reiterou hoje que a sede da Jerónimo Martins vai continuar em Portugal, admitindo apenas a mudança da tesouraria.
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Questionado sobre declarações recentes em que admitiu mudar para Genebra, o antigo presidente do Conselho de Administração da Jerónimo Martins - o rosto mais visível do grupo - salientou que se trata "só da tesouraria".

Soares dos Santos falava aos jornalistas à margem da inauguração das novas linhas de produção da Unilever Jerónimo Martins (UJM) da fábrica de Santa Iria de Azóia, um investimento de cerca de 30 milhões de euros e que vai permitir que a produção, vocacionada para a exportação, aumente de 30% para 50%.

"Nós lidamos com três moedas: o peso colombiano, o zlote polaco e o euro. A primeira coisa que fizemos face à má experiência que tivemos no Brasil" foi "consultar empresas como a Unilever e outras e perguntar como é que eles tratam esse problema de tesouraria", explicou.

É que "de um dia para o outro pode-se perder milhões e milhões", disse acrescentando que o que as responderam foi: "O centro mundial europeu da tesouraria tem de ser em Genebra, que é lá que estão os 'experts'".

Por isso, "à medida que a Colômbia cresce e a gente entra noutro sítio, logicamente temos de ir para o sítio onde está o 'know how'", acrescentou.

Alexandre Soares dos Santos desvalorizou a situação, referindo que quando se refere a mudar a tesouraria, isso significa transferir duas a três pessoas e garantiu que o grupo de distribuição irá continuar "a pagar impostos em Portugal".

No Brasil, "perdemos na desvalorização do real", cerca de 30%, uma situação que não é comportável, por isso "temos de ir para os sítios onde está o 'know how' [conhecimento]".

Salientou que a "dimensão estrangeira da Jerónimo Martins é muito maior" do que em Portugal, mas garantiu que "ninguém vai sair" do país.

Quando questionado porque é que algumas das suas declarações são normalmente tidas como polémicas, Alexandre Soares dos Santos afirmou: "Porque defendo a iniciativa privada, defendo a liberdade das empresas, defendo menos Estado, critico os partidos políticos por não viverem a realidade. Não conhecem nada".

"A prova provada" é que a Jerónimo Martins é "o maior grupo alimentar português, de longe, e ninguém nos visitou até hoje", acrescentou.

Questionado sobre tem convidado os políticos a visitarem a empresa, Alexandre Soares dos Santos apontou que a "Jerónimo Martins nunca toma iniciativas dessas".

Acrescentou: "Nunca ninguém pediu sequer uma reunião para saber o que é que nós fazemos, o que é que nós pensamos. Se há empresa em Portugal que tem experiência de internacionalização somos nós, já vão 15 anos de atividade no estrangeiro".

Em relação à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Alexandre Soares dos Santos disse que o grupo nunca fez uso da instituição.

"Não posso dizer se atua bem ou mal, o problema da AICEP é que para empresas como a Jerónimo Martins as informações que pode dar qualquer banco dá", disse, considerando que para algumas empresas a entidade tem de ser uma mais-valia.

"Temos meios de acesso, enquanto a maior parte das empresas não tem", concluiu.

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