Três pessoas curiosas "que gostam de resolver problemas", assim se descrevem os fundadores da Amplemarket, startup de ADN português que disponibiliza uma plataforma baseada em Inteligência Artificial para otimizar o serviço das equipas de vendas e maximizar resultados. Com a missão de revolucionar as vendas business to bussiness (B2B), a empresa levantou 11 milhões de euros em combinação de rondas Seed e Series A para desenvolver o software, aumentar a equipa e expandir o negócio a outros mercados.
João Batalha, de 30 anos, é formado em Engenharia Informática pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, e assume-se como CEO da empresa. Já o irmão, Luís Batalha (32), que ocupa o cargo de chief product officer (CPO), licenciou-se em Física no Instituto Superior Técnico, onde conheceu Micael Oliveira (35), o chief revenue officer (CRO) da Amplemarket.
"Desde cedo que começámos a trabalhar em projetos juntos, como é o caso da Fermat"s Library, uma comunidade em torno de artigos académicos, e da Orankl, uma solução para ajudar lojas online dando-lhes ferramentas semelhantes às que a Amazon tem acesso", conta João Batalha, em entrevista ao Dinheiro Vivo. "Já a Amplemarket [fundada em 2019] surgiu da nossa própria experiência ao tentarmos escalar processos de vendas e das dificuldades que encontrámos com as ferramentas existentes. Identificámos esta lacuna e ficámos com vontade de a colmatar", acrescenta.
Mas, como é que três pessoas tão jovens já fundaram mais que uma startup? O segredo está em ser-se naturalmente curioso, explica o CEO, clarificando, "tendo interesses variados, acabamos por identificar problemas e ineficiências em diferentes áreas e, por vezes, tentar resolver um problema significa criar uma empresa com o objetivo de o atacar".
Ter ido estudar para os Estados Unidos com 17 anos permitiu a João Batalha não só conhecer o país, como também aproximar-se do mercado norte-americano. Somando-se o facto de Silicon Valley ser um "pilar muito importante no mundo de startups tecnológicas", fez com que os fundadores optassem por sediar a Amplemarket em São Francisco.
O software oferecido pela tecnológica "pode ajudar qualquer equipa comercial a ser mais eficiente, através da utilização de um único sistema para prospeção e envolvimento com novos clientes através de múltiplos canais". Com as ferramentas de vendas a crescer no mercado, "tanto em número como em complexidade", a empresa de ADN português contraria a tendência e vem permitir às equipas agilizarem "as tarefas de vendas mais manuais e repetitivas, que consomem o [seu] tempo, aumentando o volume e a qualidade dos contactos com que interagem, ao mesmo tempo que se reduz o tempo necessário para os converter", observa João Batalha.
Apesar de ter escritórios em São Francisco e Lisboa, entre os quais os cofundadores afirmam estar divididos, atualmente, a Amplemarket assume uma equipa remota que se encontra distribuída por oito países. Cerca de metade dos 35 colaboradores estão em Portugal.
"Acreditamos que conceder a liberdade de escolha sobre onde trabalhar aos nossos colaboradores seja uma mais-valia. Temos, por exemplo, um colaborador que viaja o mundo numa caravana, enquanto trabalha para a nossa empresa", afirma o CEO. Para fazer o equilíbrio entre estas distâncias, a tecnológica realiza iniciativas de proximidade entre toda a equipa.
No que toca à carteira de clientes, contam já com 300 a nível global, não ficando a terra natal dos fundadores de fora, somando empresas na área tecnológica como a Advertio, Probely e Utrust.
Passaram-se três anos desde que a plataforma que atua nos campos da prospeção, interação, recolha e análise de dados foi lançada e o CEO da Amplemarket não poderia estar mais otimista quanto ao futuro. O número de clientes, a equipa construída e o capital angariado comprovam o crescimento da empresa, refere João Batalha.
A startup conseguiu captar 12 milhões de dólares (11 milhões de euros) na combinação de rondas de Seed e Series A colideradas pelo fundo de investimento português Armilar Venture Partners. Sobre este financiamento, Pedro Ribeiro Santos, partner da Armilar, diz, citado em comunicado, que "a abordagem da Amplemarket permite aos representantes de vendas destacarem-se do ruído", causando "aumentos significativos na eficácia das vendas" - o que faz com que a tecnológica "se enquadre perfeitamente no fundo TechTransfer da Armilar".
O cofundador revela que o valor agora obtido será aplicado na expansão global da equipa - com especial incidência na área de engenharia e nas equipas de vendas e marketing, "que impulsionam e suportam o crescimento" -, como também no desenvolvimento do software.
Com a missão de ajudar organizações a crescer, "com foco particular em remover atritos consequentes da ligação entre empresas", a Amplemarket espera revolucionar a forma como os negócios business to business (B2B) planeiam o seu crescimento e fazer com que todo o processo seja "transparente e previsível".
"Para concretizar esta visão vamos ter de conseguir montar equipas capazes de continuar o desenvolvimento do nosso produto e fazê-lo chegar às mãos de quem necessita", afirma o CEO, resumindo os grandes objetivos da empresa para 2022: escalar a solução que oferece, expandindo-a a mais mercados, e aumentar a sua equipa para 70 colaboradores a nível global.