Apex Capital. Mais de 70 atletas já têm a render até 10% da faturação em capital de risco

Empresa portuguesa viu crescer a carteira de clientes em 2022, tendo aplicado capital de atletas em 12 novos negócios.
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Mais de 70 desportistas em todo o mundo já se tornaram empreendedores pelas mãos da portuguesa Apex Capital. A empresa de investimento, fundada pelos investidores António Caçorino e Pedro Félix da Costa e pelos pilotos de Fórmula E Mitch Evans e António Félix da Costa, cresceu a passos largos no segundo ano de vida, tendo posto a render o capital de atletas em 12 empresas de desporto, media e entretenimento, com participações a irem dos 50 mil aos cinco milhões de euros.

Jan Vertonghen, Carlos Sainz, Luuk de Jong e Kanoa Igarashi são algumas das figuras conhecidas da alta competição que compõem a carteira de clientes da Apex Capital, que conta atualmente com uma equipa de 17 pessoas e três investidores estratégicos para encontrar as melhores oportunidades de early stage e venture capital para se investir.

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, António Caçorino, CEO da empresa, conta que na base da criação e consequente sucesso do negócio esteve a crença de que "se um atleta investir de uma forma ativa no setor que lhe pertence e conhece, conseguirá posicionar-se como um dos investidores mais estratégicos". Isto porque "mais do que o próprio capital e imagem que tem, traz consigo o know how e contactos da indústria, duas armas potentes neste ramo".

O trabalho é feito dentro de casa. A Apex conta com um departamento de análise de investimento, composto por seis analistas, que avalia as propostas e mensura o risco, ainda que os próprios atletas e a estrutura que os rodeia tenham capacidades plenas para o fazer e que a eles lhes pertença a última palavra. Depois de o negócio estar fechado, há uma equipa que acompanha as empresas participadas e assegura que a relação entre as mesmas e os investidores se mantém ativa, explica o gestor.

Se no início do projeto a empresa teve de apostar na promoção do seu trabalho e dar provas do mesmo, uma vez que este era um mercado novo, hoje em dia já é uma tendência mundial e "o inbound orgânico de oportunidades é gigante", com uma média de 30 empresas a almejarem semanalmente o interesse da Apex. Focada em negócios em fase Seed e Serie A, a empresa tem avançado no seu objetivo: posicionar-se como o investidor mais estratégico deste setor ao nível mundial.

"No início dependíamos do fundo de investimento que estivesse a liderar a ronda, éramos o pequeno ticket que trazia dois ou três atletas por quem eles eram. Agora, temos muito mais capacidade de liderar potencialmente uma ronda de investimento", assegura António Caçorino.

Cerca de 90% do que os clientes faturam anualmente aplicam em produtos típicos da banca e imobiliário, e os restantes 10% investem com a Apex Capital, algo que o CEO defende que deveria ser o oposto.

Em 2022, a empresa expandiu o portefólio para os Estados Unidos, tendo realizado três investimentos, entre os quais se destaca a parceria com a TMRW Sports. Durante este período, além de ter começado a trabalhar atletas femininos e participar na última ronda da portuguesa de NFT de futebol RealFevr, registou também oportunidades de private equity em mercado tradicional no desporto, de que são exemplos posições minoritárias em clubes de futebol, novos desportos e novas ligas.

O movimento do atleta-empreendedor é "mais verde" na Europa do que nos Estados Unidos, nota o presidente executivo. Mas, apesar de haver ainda um trabalho educacional a ser feito, a Apex Capital acredita que vai conseguir fazer crescer a operação. Para tal, ambiciona em 2023 mudar para o formato de fundo de investimento, de modo a conseguir executar as oportunidades de negócio em fase mais madura que lhe chegam, e alargar o portefólio a investidores não atletas, uma vez que contar apenas com o capital de desportistas limitaria a sua escalada a certa altura.

Ao nível dos recursos humanos, António Caçorino aponta que o investimento para os próximos dois anos já foi feito, dizendo o último respeito à contratação de novo diretor de operações, Pedro Sousa, que terá a seu cargo assegurar que as equipas e os processos da empresa estão alinhados.

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