A ideia é defendida por Adriana Moura, responsável técnica da SGS Portugal, empresa de certificação de qualidade, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
A procura do consumidor português por peixe está a aumentar?
A procura pelos produtos da pesca é cada vez maior e, se os portugueses consumissem apenas o que pescamos em terras nacionais, não teríamos mais peixe num curto espaço de tempo. O que nos leva a importar. Obviamente, esta limitação terá de ser compensada pelo aumento e diversificação de produtos da aquacultura nacional, tendo por base a sustentabilidade, qualidade e segurança alimentar.
Quais as perspetivas para Portugal neste setor?
As perspetivas assentam na estratégia de criação de mais áreas de produção aquícola, na exploração de novas áreas em mar aberto, assim como na reabilitação de áreas de produção aquícola em zonas de estuário.
O que impede que este negócio seja maior, mesmo quando Portugal tem uma costa grande e recursos naturais favoráveis?
Quando falamos na zona costeira, falamos também em limitações a ultrapassar, como a própria competição de outras atividades humanas pelo mesmo espaço e pelos recursos hídricos. É necessário identificar os espaços compatíveis com outros usos, com maiores potencialidades e que apresentem menor impacto ambiental.
Quais os principais obstáculos e como ultrapassá-los?
Os trâmites inerentes aos licenciamentos merecem ser simplificados aproveitando a aposta da Comissão Europeia. Existe também a necessidade de reforçar a competitividade da aquacultura, de valorizar e diferenciar o produto, assentando nas parcerias com as entidades científicas e técnicas e ainda apostar nas tecnologias avançadas de produção e de qualidade. Tal como apostar na conversão da aquacultura biológica, nos produtos certificados que reúnem os maiores padrões de qualidade e na criação de rótulos diferenciadores de produto nacional.