As termas estão a construir um novo público

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A ideia pré-concebida de que as termas são unicamente frequentadas por público sénior é um conceito do passado.

A aposta numa nova imagem, mais apelativa, das Termas de Portugal, sob o mote “é natural estar bem”, surge da necessidade de atrair clientes mais jovens. E não só, o facto de a maioria das termas se encontrar no interior do país permite a captação de turistas, promovendo maior investimento nessas regiões e, consequentemente, maior rentabilidade.

Portugal é o 12.º país mais competitivo no turismo a nível mundial e as suas receitas têm um peso de 8,2% do PIB. Não descurando a necessidade de manter Portugal no top, os olhares estão no futuro e um dos próximos desafios será acompanhar a crescente procura por hábitos saudáveis e produtos de saúde e bem-estar.

O turismo termal combina o melhor destes dois mundos: o turismo e a saúde. E vem com um bónus: a presença de mais de 90% das termas no interior do país incentiva a deslocação de novo público a locais menos turísticos, onde encontramos pequenas aldeias, vilas e cidades cheias de histórias e memórias por desvendar. O aproveitamento de edifícios históricos convertendo-os em hotéis de charme é um dos resultados do plano de revitalização do panorama turístico de Portugal. Nesses espaços são disponibilizados diversos programas de incentivo à saúde e bem-estar, nomeadamente ao uso de espaços termais, áreas de massagens e medicinas alternativas, e ainda a sensibilização para cuidados com a alimentação, uma das tendências mais abordadas. O turismo termal traz, assim, vantagens para toda a família.

A criação e crescimento destes espaços converteu, na perspetiva da Associação das Termas de Portugal (ATP), a abordagem que puramente relacionava as termas a doenças e enquadrou neste panorama a saúde e o bem-estar. “As termas continuam a ser termas. O conceito de termalismo é que tem evoluído muito nas últimas décadas”, esclarece neste sentido João Pinto Barbosa, secretário-geral da ATP.

No seguimento da estratégia adotada pelas Termas de Portugal, a entidade Turismo de Portugal alude que a nova linha de comunicação, assente na inovação da imagem e reforço da presença no meio digital, insere-se nos objetivos do setor para o país, consequentemente atraindo mais turistas, que investem mais, ao longo do ano, em todo o território. Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal salienta que a nova plataforma digital permitirá “chegar mais longe, atraindo gente de todo o mundo e captando os turistas que mais nos interessam”. A adaptação da estratégia de comunicação permitiu consolidar o setor em termos de faturação, sendo que as práticas de bem-estar correspondem a receitas de dois milhões de euros por ano e as terapêuticas a onze milhões de euros. Estes valores associados à restauração e alojamento perfazem 24 milhões de euros do peso total do segmento turístico de Portugal.

No sentido de contribuir e reforçar projetos turísticos no interior, em abril de 2019, foi reforçada a dotação orçamental global do Programa Valorizar atingindo cem milhões de euros, segundo o site do Turismo de Portugal.

No plano da saúde, o Governo avançou com a criação de um projeto-piloto, com duração de um ano, tendo em vista a comparticipação na ordem dos 35% sobre o preço do conjunto de tratamentos termais a várias doenças, entre as quais artrite reumatoide, rinite, asma, diabetes, anemia ou insuficiência venosa.

Um novo público que entende a saúde numa perspetiva integrada (física, mental e espiritual) encontra na área Termas novas soluções de bem-estar que poderão ir desde o Ioga à nutrição. A prevenção assume assim um novo destaque em relação à cura.

Com isto concluímos que o turismo de saúde e de bem-estar nunca esteve tão próximo do interior do nosso país e os incentivos são claros no sentido de atrair mais público e mais investimento. O regresso da comparticipação pelo SNS e o aumento no investimento do Programa Valorizar são o resultado de uma política governamental assente no futuro. O impacto local deste conjunto de medidas prevê-se empolgante, tendo em vista a valorização destas regiões, o apoio às populações locais e maior rentabilidade dos seus negócios. Assim, a pergunta que se coloca é: O que espera para visitar as Termas de Portugal?

Ricardo Mena, professor e diretor do IPAM Porto, em coautoria com Mafalda Morais e Rita Silva, alunas de mestrado em gestão de marketing do IPAM

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