A associação das indústrias de mobiliário destacou esta quinta-feira a "tarefa hercúlea" do novo ministro da Economia num contexto de escalada dos custos energéticos, falta de matérias-primas, dificuldades logísticas e guerra, avisando que as empresas "vão precisar de apoio".
"Vamos ter de trabalhar em conjunto para conseguir tomar as melhores medidas, porque nunca tivemos uma fase tão conturbada e com tanta incerteza como temos agora", afirmou o diretor executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), Gualter Morgado, em declarações à agência Lusa.
Comentando a orgânica do novo Governo, anunciada na quarta-feira pelo gabinete do primeiro-ministro, António Costa, o dirigente associativo salientou os "vários problemas em mãos" que terão os membros do novo executivo, nomeadamente o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.
"Temos vários problemas em mãos: o aumento do custo energético, a rarefação de algumas matérias-primas, as dificuldades ao nível de transportes internacionais e uma guerra na Europa, que condiciona alguns mercados e que agrava todas estas consequências, que já se vinham a sentir derivadas dos efeitos da pandemia", salientou o diretor executivo da APIMA.
Neste contexto, Gualter Morgado considera que "quem entra para o Ministério da Economia numa fase destas vai ter uma tarefa hercúlea": "Porque as empresas vão precisar de apoio, certamente, mas, acima de tudo, vão precisar de quem as ajude a agilizar e a retirar dificuldades burocráticas, a anular processos, a agilizar procedimentos e a eliminar os custos de contexto são gerados pela burocracia, para que as coisas possam fluir de uma forma muito mais rápida", sustenta.
Na opinião do dirigente associativo, o facto de Costa Silva ter liderado a elaboração do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "já lhe permitiu ter uma noção global do estado do país" e "ter estado, durante um período, a estudar toda a macroeconomia nacional", dispondo assim "alguns elementos que lhe facilitam a tomada de tomada de decisão".
Apontando o "currículo extenso e credível" dos membros do novo Governo, o dirigente da APIMA avisa, contudo, que o executivo não vai ter tarefa "fácil": "Por um lado é salvar o que temos e, por outro lado, é catapultar e relançar toda a economia portuguesa. Não é fácil", alerta.
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira, ao Presidente da República, a composição de um Governo com 17 ministros, menos dois do que no anterior.
Há novos titulares nas Finanças (Fernando Medina), nos Negócios Estrangeiros (João Gomes Cravinho), na Defesa (Helena Carreiras), na Administração Interna (José Luís Carneiro), na Justiça (Catarina Sarmento e Castro), na Economia e Mar (António Costa Silva), nos Assuntos Parlamentares (Ana Catarina Mendes), na Ciência e Ensino Superior (Elvira Fortunato), na Educação (João Costa) e no Ambiente (Duarte Cordeiro).
Continuam no executivo, e nas mesmas pastas, Mariana Vieira da Silva (Presidência), Marta Temido (Saúde), Ana Mendes Godinho (Segurança Social e Trabalho), Ana Abrunhosa (Coesão Territorial), Maria do Céu Antunes (Agricultura) e Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação).
Abandonam o Governo 11 ministros: Alexandra Leitão, Graça Fonseca, Francisca Van Dunem, João Leão, Augusto Santos Silva, Pedro Siza Vieira, Nelson de Souza, Matos Fernandes, Manuel Heitor, Tiago Brandão Rodrigues e Ricardo Serrão Santos.
Este é o terceiro Governo chefiado por António Costa e o seu primeiro com maioria absoluta. Pela primeira vez, a composição de um executivo conta com mais mulheres do que homens, excluindo o primeiro-ministro.