Ataques informáticos fazem disparar procura por profissionais de cibersegurança

As ameaças inerentes à transformação digital fazem com que a contratação de profissionais especializados em cibersegurança seja uma prioridade para as empresas em Portugal. Falta de formação no ensino superior e escassez de mão-de-obra nacional na área representam desafios na "caça" ao talento.
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O aumento de ameaças e ataques de segurança informáticos em Portugal fez disparar a procura por profissionais especializados em cibersegurança, revela um estudo realizado pela Michael Page, empresa líder mundial em recrutamento especializado. Atualmente, perante os cerca de 1500 profissionais a atuar neste setor, "são necessários pelo menos mais 300 especialistas para suprir as necessidades de recrutamento atuais, bem como garantir redundância em determinadas equipas que enfrentam de momento uma situação de excesso de trabalho", afirma a empresa.

Os crescentes ciberataques e a sofisticação da tecnologia - que trazem ameaças como phishing scam, deepfake, ransomware - fizeram com que os profissionais especializados em IT, nomeadamente ligados a projetos de segurança ofensiva, passassem a estar no foco das empresas. No entanto, a atual escassez de mão-de-obra nacional nesta área leva a que o recrutamento seja transportado para os mercados de trabalho internacionais, pelo que a pouca oferta de formação de ensino superior na área da cibersegurança e a complexidade das competências necessárias à função, "contribuem para que exista maior procura por parte das empresas relativamente à oferta de talento disponível", sublinha a Michael Page.

Com a perspetiva de que o mercado de trabalho continue a crescer como nos últimos três anos, sobretudo em Lisboa e Porto, os desafios nos setores da tecnologia e do digital passam "pelo reforço das equipas de segurança e a rápida substituição de profissionais especializados quando saem da organização", explica a líder em recrutamento. Desde 2019, as empresas têm apostado em "perfis defensivos em termos de prevenção e monitorização de vulnerabilidade", sendo tendência a contratação de perfis de "Read Team" e "Pentesting" em comparação com os de "Blue Team". Segundo o estudo, entre os setores que mais recrutam os perfis de cibersegurança "destacam-se, as empresas de serviços, utilities, telecomunicações, banca e área financeira, principalmente multinacionais".

"Há uns anos, a função de responsável pela segurança digital de uma empresa significava que se ocupava da instalação dos antivírus, a fazer backups, atualizar os sistemas e a bloquear acesso a sites e redes sociais.", comenta Vasco Teixeira, Senior Manager da Michael Page. "Atualmente, a realidade é outra, e as empresas mostram mais proatividade em relação à cibersegurança, recrutando profissionais com elevado nível de especialização, cuja função é saber equilibrar a necessidade de inovação da empresa com a continua proteção do negócio", conclui.

Relativamente aos profissionais que detêm competências na área da cibersegurança, visto tratar-se de um mercado de nicho, existe uma grande pressão sobre as empresas, pois "como em qualquer área onde a procura é muito forte, os candidatos movem-se pelo desafio técnico dos projetos, pelo setor e condições financeiras".

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