A presidente da agência diz não ter dúvidas do sucesso da operação, por vários fatores.
A presidente da agência diz não ter dúvidas do sucesso da operação, por vários fatores.Foto: DR

Atrevia agora é dona da XCOM no Brasil. “Esta aquisição deixou-nos muito felizes", diz presidente

Em entrevista ao DV, Daniela Agra, presidente da Atrevia, que já trabalhou no Brasil, fala sobre a aquisição da empresa, os planos de expansão na América Latina e as relações entre os dois países. “Acho que estamos num excelente momento de cooperação, que é muito necessário”
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A agência de comunicação Atrevia está a expandir a atuação no Brasil, com a aquisição, já finalizada, da XCOM. A agência brasileira é focada em relações públicas, o que aumenta o leque de atuação da Atrevia. “Foi uma aquisição que nos deixou muito, muito felizes e muito satisfeitos”, começa por dizer ao DN/DV Daniela Agra, presidente da Atrevia. A negociação durou cerca de um ano, tendo sido identificado um alinhamento cultural entre as duas empresas.

A empresária conta com um percurso consolidado tanto em Portugal como no Brasil. Entre 2013 e 2016 foi responsável pela cooperação e gestão da agência no Brasil e conhece de perto a realidade do mercado. “O Brasil é um mercado muito desafiante pela sua dimensão, pela questão burocrática e imigrante, mas foi um país do qual nunca desistimos, é um mercado muito importante para nós”, explica.

E se os empresários brasileiros olham para Portugal como a porta de entrada da Europa, o mesmo ocorre com o Brasil, como porta de entrada para a América Latina. “A aquisição deixou-nos aqui com uma possibilidade de reforçar esta presença num mercado que realmente é chave. Para nós, foi o primeiro mercado para onde fomos para lá do Atlântico e, a partir do Brasil, temos toda a América Latina com uma presença muito forte”, detalha.

Com a operação, 40 pessoas da XCOM vão juntar-se à equipa da Atrevia, que conta com mais de 640 profissionais de várias partes do mundo, com presença, para já, em 15 países. No percurso, a empresa portuguesa já fez a compra de oito companhias pelo mundo, entre as quais a Ulises Comunicación, a Microbio Gentleman, a Luike ou a Apple Tree, na Colômbia.

“Isto permite-nos estar em contacto com talento, com equipas multidisciplinares, permite-nos ampliar essa visão, algo que para nós é muito valioso”, conta Daniela Agra ao DN/DV. Agora, com a nova aquisição no Brasil, além de fortalecer a presença na América Latina, o passo representa um reforço na área de public affairs, que é a especialização da agência brasileira, com mais de 10 anos de atuação. “Para nós, é muito interessante a entrada e a especialização em áreas como public affairs. Temos essa força também através da nossa presença em Bruxelas, mais na parte da consultoria. Ou seja, isto vem somar a essa presença que já está bastante solidificada e bastante forte com a XCOM”, explica Agra.

A presidente da agência diz não ter dúvidas do sucesso da operação, por vários fatores. “O facto de termos uma equipa lá, brasileira, de conhecermos superbem o mercado, de [este] ser culturalmente semelhante, em termos de toda a dinâmica de processo, processual, etc., ajuda-nos na rapidez que buscamos”, realça a presidente da Atrevia.

A empresa também incentiva o intercâmbio entre os profissionais, como a vinda de brasileiros para cá e vice-versa, para troca de experiências e boas-práticas de trabalho.

A empresária destaca ainda que esta aquisição ocorre num momento simbólico, com a realização da cimeira Brasil-Portugal no início deste ano. “A própria Cimeira que houve em fevereiro, para alinhar aqui os acordos, tem de facto fomentado o investimento e eu vejo que tem sido muito eficaz”, avalia. Um dos acordos assinados foi de agilização na digitalização de documentos, um ponto em que o Brasil está à frente. “O diálogo digital, de Inteligência Artificial são vitais”, afirma Daniela Agra.

Num momento de incertezas no mercado internacional, a gestora sublinha que a cooperação com países de relação histórica é importante e reflete-se nos negócios. “Penso que estamos num excelente momento, que a cooperação que está a existir atualmente é uma cooperação efetivamente muito necessária neste mundo, neste mercado, que está num momento de revolta internacional, de muita progressividade em todos os mercados. Acho que estamos num momento, e acho que o Brasil também está a saber, de facto, aproveitar essa cooperação. Nota-se que o Brasil também, atualmente, é um dos maiores destinos dos portugueses”, contextualiza. “Temos de criar aqui uma força dentro do negócio muito importante para as culturas, para ambos os países”, complementa, citando o grande número de portugueses no Brasil e vice-versa.

amanda.lima@dn.pt

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