Aumento intercalar das pensões de 3,57% pago a partir de julho

O primeiro-ministro revelou que, a partir do segundo semestre, todas as reformas até 5765,16 euros terão direito a este complemento, de forma a compensar o corte na atualização das prestações deste ano. A medida vai ter um custo adicional com pensões este ano de 580 milhões de euros.
Publicado a

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta segunda-feira, durante o briefing do Conselho de Minisitros, que as pensões até 5765,16 euros (até 12 vezes o Indexante dos Apoios Sociais) terão direito a "um aumento intercalar no valor de 3,57%" a partir de julho deste ano. A medida visa compensar o corte para quase metade da atualização geral das prestações deste ano, tal como já tinha referido o ministro das Finanças, Fernando Medina, na apresentação do Programa de Estabilidade 2023-2027.

A medida terá um custo, em 2023, de 580 milhões de euros, revelou a minstra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

"Somando este aumento com o aumento desde janeiro, ao longo de todo o segundo semestre deste ano, os pensionistas já terão a sua pensão atualizada relativamente a dezembro de 2022", frisou o primeiro-ministro. Ou seja, "para o ano, não haverá qualquer perda para os pensionistas, porque a pensão será atualizada, entre julho e dezembro deste ano," de modo a que "o valor da pensão já será aquele que teria resultado da Lei de Bases da Segurança Social". António Costa destaca assim que o governo "mantém firme a política de melhoria dos rendimentos".

Assim, aos aumentos aplicados este ano, entre 4,83% e 3,89%, será adicionado 3,57%, cuja soma resultará na atualização prevista de entre 8,4% e 7,46%. Ou seja, fica assim reposta a base de cálculo para a subida das prestações em 2024.

Recorde-se que o governo decidiu, no ano passado, cortar a evolução das prestações como contrapartida do bónus de meia pensão pago em outubro. Na altura, o executivo garantiu que não haveria perdas, mas agora reconhece que, efetivamente, se não houvesse esta atualização intercalar, os pensionistas iriam ser prejudicados em 2024 e nos anos seguintes, uma que vez que a base de cálculo para os aumentos anuais seria significativamente inferior.

O primeiro-ministro quis, contudo, lembrar que o governo sempre "garantiu que, até ao final do ano, nenhum pensionista receberia menos do que aquilo que resultaria da fórmula". Contudo, ressalvou, que, no ano passado, face a uma inflação tão elevada como a que se registou em 2022 (7,8%), e tendo em conta a evolução residual do índice de preços dos anos anteriores, de cerca de 1%, o governo quis ser cauteloso em relação à atualização das pensões.

Este volte-face do governo acontece perante dados mais favoráveis sobre a evolução da economia, como indicou António Costa: "Como sempre dissemos, em função da situação da economia e da sustentabilidade da Seguranla Social, tomaríamos, no momento certo, as decisões relativamente a 2024, de modo a garantir que nenhum pensionista perderia um cêntimo. A evolução da economia, a redução da dívida e o reforço da sustentabilidade da Segurança Social permitem dar essa garantia em relação a 2024 e tomar esta decisão de aumento intercalar".

A boa saúde do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), que serve de almofada para pagar pensões, foi determinante para a tomada de decisão do governo em proceder a aumento intercalar das reformas.

A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, explicou, também durante o briefing do Conselho de Minisitros, que "há um aumento do saldo previdencial" do FEFSS. Assim, "os primeiros saldos negativos ficam adiados para a próxima década, para 2033, já incluindo este aumento intercalar assim como a base da atualização para 2024".

Ou seja, o fundo das pensões da Segurança Social "conseguiu ganhar 17 anos" de vida. "Em 2015, a previsão é que não duraria até ao final da década, agora verifica-se que o Fundo chega a 2060 e com um saldo de 48 mil milhões de euros, que é o maior sinal que podemos dar às novas gerações sobre o reforço do sistema", sublinhou a governante.

O primeiro-ministro destacou ainda que, com esta decisão, o governo quer "assegurar que mantém a confiança no contrato intergeracional assente no sistema da Segurança Social".

Fica assim reposta a base de cálculo das prestações para a atualização em 2024, garantindo que não há perda de poder de compra.

António Costa garantiu que a fórmula de atualização das pensões não vai mudar no próximo ano. "Para 2024 não. O grupo de trabalho existe para tratar do tema da Sustentabilidade da Segurança Social, para estudar a diverisifcação das fontes de financiamento da Segurança Social, e também, necessariamente, para poder olhar para a fórmula. Mas não é para 2024. Em 2024 a fórmula será aplicada e será aplicada às pensões que são pagas de acordo com a Lei de Bases, e não haja nenhuma dúvida sobre isso"

A fórmula tem em conta a média do crescimento do PIB nos últimos dois anos e a inflação média anual registado no ano anterior na atualização das pensões. Apesar de excluir mexidas na fórmula em 2024, o primeiro-ministro admite que o tema será endereçado pela Comissão de Acompanhamento da Sustentabilidade da Segurança Social.

"Aquilo que toda a gente tem constatado durante os anos de inflação anormalmente baixa é que foram necessários um conjunto de aumentos extraordinários para que pudesse haver algum aumento, ou, no ano passado, onde houve também um pico absolutamente anormal da inflação, que a fórmula não é absolutamente adequada a estas situações. Mas daí a haver uma alteração da fórmula vai um passo muito maior do que a perna. O único passo que está dado é estudar. Está a ser estudado. Depois de se estudar, há-de ser discutido e sê-lo-á. Agora, em 2024, não haja a menor das dúvidas, não há nenhuma alteração da fórmula", afirmiu António Costa já no final do briefing do Conselho de Ministros.

(Notícia atualizada às 16h10)

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt