Administração e comissão de trabalhadores (CT) da Autoeuropa reuniram-se pela primeira vez depois do chumbo do pré-acordo laboral. Os representantes dos mais de 5100 operários da fábrica de Palmela manifestaram vontade de voltar a negociar o documento. A administração só vai responder na próxima semana, segundo informação divulgada nesta sexta-feira.
"A empresa afirmou-nos que irá analisar o exposto pela CT, deixando a porta aberto ao reiniciar das negociações, pelo que irá responder-nos na próxima semana", referem os representantes dos operários em nota de imprensa.
A CT refere ainda que comunicou à empresa ser de extrema importância ter estabilidade, garantir a melhoria das condições de vida e laborais dos trabalhadores. Não nos pode continuar a impor mais flexibilidade e principalmente tem que continuar a garantir o pagamento do prémio de objetivos a todos", acrescenta o documento.
No pré-acordo chumbado na semana passada por 60% dos votos, o pagamento do prémio de desempenho, no valor de 1400 euros, foi trocado por um máximo de 20 dias adicionais de não-produção ao longo de 2022. Caso esses dias não venham a ser necessários - para responder ao aumento das encomendas - o bónus será pago em janeiro e março de 2023.
Negociado entre a administração e a comissão de trabalhadores, o pré-acordo previa aumentos salariais de 2% neste ano e no próximo, no montante mínimo de 25 euros, em 2022, e de 30 euros, em 2023. Além disso, caso a taxa de inflação seja superior a 2% nestes dois anos, esse fator seria tido em conta em futuras negociações laborais.
O documento também garantia a continuidade dos trabalhadores associados ao quarto turno de laboração, mesmo que a crise dos semicondutores obrigue a sucessivas paragens de produção ao longo deste ano.
A administração também iria criar um novo escalão (letra G) para os trabalhadores atualmente no topo da carreira (letra F) e que também serão contemplados com o acrescento de 2% no vencimento mensal.
Nota ainda para o aumento do tempo das duas pausas diárias, dos sete para os dez minutos, uma das reivindicações mais antigas dos operários da unidade do grupo Volkswagen em Portugal.
O documento era fundamental para definir o futuro da unidade do grupo Volkswagen e garantir pelo menos dois anos de paz social numa das maiores empresas exportadoras nacionais.
No final de 2021, o grupo automóvel alemão anunciou um investimento de 500 milhões de euros ao longo dos próximos cinco anos em produto, equipamento e infraestruturas. A injeção de capital será crucial para a fabricante automóvel escolher o modelo que irá suceder ao T-Roc, em produção desde julho de 2017 e que foi recentemente "refrescado" (facelift, na gíria da indústria automóvel).