Os custos das contas à ordem estão cada vez mais altos e as isenções das contas-ordenado nos grandes bancos desapareceram. A conclusão é de um estudo da Deco, publicado na edição de março da revista Dinheiro & Direitos, que diz que a banca passou a "encarar as contas-ordenado como a nova galinha poedeira, capaz de lhes render um fluxo ininterrupto de ovos de ouro".
Perante a nova realidade, a Deco admite que a recomendação que dava anteriormente aos seus associados de domiciliarem o ordenado como forma de pouparem em custos bancários deixou em muitos casos de fazer sentido.
O artigo refere os casos específicos do Deutsche Bank, do Novo Banco e do Santander Totta, que "acabaram com as contas-ordenado" e, em substituição, propõem "contas-pack" que implicam um conjunto de serviços que muitas vezes não compensa ao cliente. Nas instituições em que ainda há contas-ordenado, os bancos criam "cada vez mais obstáculos para aceitarem a isenção", como um nível de ordenado mais elevado, alerta a Deco. Também os serviços gratuitos que as contas-ordenado ofereciam tradicionalmente, como as transferências online gratuitas, terminaram em alguns casos.
A Deco analisou dois cenários. No primeiro cenário, para um saldo médio inferior a mil euros, sem domiciliação de ordenado, mas com cartões de débito e crédito e uma transferência por mês, concluiu que os maiores bancos são em geral mais caros. BPI, Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Santander Totta e Millennium BCP praticam, para estas condições, uma média de 149,95 euros de custos anuais.
No segundo cenário analisado, em que as condições são as mesmas, mas com ordenado domiciliado, os custos médios nestes cinco bancos agravaram-se "uns exuberantes 47%" desde o último estudo, mesmo quando os movimentos são feitos online, diz a Deco. Com o aumento das operações bancárias online, os bancos estão a taxar o serviço que durante anos tinha isenções ou custos diminutos.
A Deco aconselha, para evitar os aumentos de custos, a mudança para bancos mais pequenos e que estão no mercado há menos tempo, como o Banco CTT, o Bankinter, o Banco BIG e o Activo Bank.
No artigo, a Deco critica também a passividade do Banco de Portugal na regulação do mercado, acusando-o de estar "pouco ou nada preocupado com os interesses dos consumidores". A associação de defesa do consumidor considera que deve haver limites aos custos dos produtos bancários e a que a cobrança de comissões só deve acontecer por serviços efetivamente prestados.