O Silicon Valley Bank, em Santa Clara, Califórnia, pertencente ao grupo SVB Financial, foi encerrado esta sexta-feira pelo Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia, que nomeou a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) como liquidatária da instituição, segundo um comunicado publicado no site da agência.."O Silicon Valley Bank (SVB) entrou em insolvência depois de uma corrida aos seus depósitos, à qual não foi capaz de corresponder", constata o diretor de comunicação da consultora Forste, Pedro Assunção. Startups e empresas de pequena dimensão, o principal mercado deste banco, foram os clientes que mais dinheiro levantaram..Para proteger os depositantes segurados, a FDIC criou o Deposit Insurance National Bank of Santa Clara (DINB) para onde transferiu todos os depósitos segurados do Silicon Valley Bank..Todos os clientes segurados terão acesso total aos seus depósitos até segunda-feira de manhã, 13 de março de 2023. Cada depositante poderá levantar até 250 mil dólares (236 mil euros). Clientes com contas superiores a devem entrar em contacto com a FDIC..Aos depositantes não segurados, a FDIC pagará um dividendo antecipado na próxima semana. Estes clientes irão receber um certificado de liquidação pelo valor restante de seus fundos não segurados, esclarece a agência na mesma nota..Quando a FDIC vender os ativos do Silicon Valley Bank, poderão ser realizados novos pagamentos de dividendos aos depositantes não segurados..A 31 de dezembro de 2022, o Silicon Valley Bank detinha aproximadamente 209 mil milhões de dólares (cerca de 196 mil milhões de euros) em ativos e 175,4 mil milhões em depósitos (cerca de 164 mil milhões de euros).."O SVB tem algumas características particulares que o tornaram mais propenso a este problema" de liquidez, "nomeadamente porque tinha uma carteira de obrigações muito grande face ao total de ativos e tinha uma carteira de depositantes relativamente concentrada (startups de tecnologia) que reagiu de forma muito concertada ao levantar os depósitos". esclarece Pedro Assunção.."Ao necessitar de liquidez, o SVB foi forçado a assumir uma perda na venda de parte da carteira de obrigações que consumiu mais de 10% dos seus capitais próprios. Para colmatar esta perda tentou uma operação de aumento de capital que falhou e o deixou ainda mais fragilizado", acrescenta o consultor..Pedro Assunção afasta, contudo, alarmismos e considera que "o risco de um bank run é muito reduzido". "Também é errado assumir que o SVB pode ser um Lehman Brothers de 2023. O SVB não desempenha um papel fundamental no sistema financeiro global como em 2008 a Lehman desempenhava com uma posição enorme no mercado de derivados, sobretudo de crédito, e sendo contraparte de bancos em todo o mundo. Portanto, dificilmente a queda do SVB terá consequências mais amplas", justifica..O CIO da Forste lembra "que o maior risco no setor bancário está em bancos com uma discrepância grande entre o peso dos seus ativos e passivos, sobretudo num momento como o atual em que a subida de taxas de juro desvaloriza os ativos e torna mais fácil a concorrência para a captação de depósitos"..A subida continuada das taxas de juro de curto e longo prazo até é "uma benesse para o setor financeiro" porque consegue margens mais elevadas, mas, por outro lado, "aumenta o seu perfil de risco", alerta Pedro Assunção.