Barclays não sai de Portugal mas fecha 70 balcões e reduz 400 pessoas

O Barclays não vai sair de Portugal, pelo menos para já não é esse o plano. A garantia foi dada por Claudio Corradini, CEO do Barclays Retail and Business Banking (operação de retalho) na Península Ibérica.
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"O Barclays decidiu continuar a

investir em Portugal, implementando uma estratégia que assenta no

segmento 'premier'", explicou Claudio Corradini, numa conversa com

jornalistas.

O Barclays vai implementar um plano que

arranca hoje e que prevê "que o banco seja rentável até 2016",

revelou o responsável pelo retalho.

O objetivo do Barclays é conseguir

gerar valor para que, em 2016, se possa optar por uma das duas

possibilidades: ou vender ou manter a operação, uma vez que já

será rentável e o impacto que tem no grupo é marginal.

Apesar de a estratégia estar definida

para os próximos pouco mais de dois anos, nada impede que, antes

desse tempo, possa existir a venda da operação. Isto porque, num

mercado financeiro dinâmico estão-se sempre avaliar oportunidades

de negócio, e mais ainda quando foi o próprio presidente do grupo,

Antony Jenkins, que em maio revelou que Portugal fazia parte dos

ativos "não core" para o grupo.

Além do plano prever o fecho de cerca

de 60 balcões e a redução de entre 350 a 400 trabalhadores, está

também contemplado uma nova redefinição do 'target'. Num quase

'back to basics' (regresso às bases) de quando entrou no mercado

nacional, o Barclays vai focar-se nos clientes de segmento 'premier'.

Desde 2011, o Barclays Portugal tem

vindo a sofrer um ajustamento. Em três anos, fecham cerca de 200

balcões e reduzem cerca de 1300 postos de trabalho. Passando de 279

agências para as atuais 147 balcões. Em termos de colaboradores, em

2011, eram 2390 e hoje são 1464. Com a redução prevista para os

próximos meses.

A nova estratégia do Barclays Portugal

Em termos de estratégia do Barclays

Portugal irá focar-se essencialmente em quatro pilares: presença

física, clientes, inovação e eficiência.

Em termos de presença física haverá

um reajuste. Assim, o Barclays Portugal pretende fechar cerca de 60

balcões. Atualmente, o banco conta com 147 agências. "O objetivo

é ficarmos com entre 80 a 90 balcões", explicou Claudio

Corradini.

O banco pretende focar a sua presença

em localidade onde existam mais clientes 'aflluent', que é sobretudo

a zona do litoral, alinhando assim com as linhas da nova estratégia.

O Barclays Portugal prevê assim que haja várias fusões de balcões,

garantindo, no entanto, que se mantém uma cobertura a nível

nacional.

Com a redução de agência, haverá

também um ajuste de pessoal. Atualmente, o Barclays Portugal tem

1464 trabalhadores e deverá reduzir 300 a 400 postos de trabalho.

À semelhança do que aconteceu em

processos anteriores, o banco deverá avançar com um processo de

rescisões voluntárias que deverá ter início no próximo mês.

O Barclays Portugal espera ter o

processo de reajuste de pessoal e balcões concluído no primeiro

trimestre de 2015.

"O grupo deu-nos fundos suficientes para executar este plano", frisou,

sem especificar os montantes envolvidos nesta nova etapa de redução da

rede em Portugal.

Os trabalhadores já foram informados

deste novo plano, assim como o regulador e os sindicatos, com os

quais o Barclays Portugal irá reunir em breve para iniciar a

negociação das condições.

Ainda dentro da nova estratégia mas,

no que se refere aos clientes, o Barclays Portugal vai redefinir o

segmento 'premier' e 'premier busines'. O segmento premier, que

anteiormente estava definido para clientes com patrimónimo acima de

100 mil euros, sofre agora uma redução. "Passam a fazer parte

deste segmento os clientes com mais de 50 mil euros", adiantou o

CEO para o retalho.

Questionado sofre se o novo enfoque nos

clientes do segmento premier irá levar a algum abandona dos clientes

que não reúnam esse património, tanto o CEO para o retalho, como

Carlos Brandão, Country Manager de Portugal que assumiu funções em

setembro, garantiram que esses clientes irão continuar a merecer a

mesma atenção. "Iremos continuar a dar crédito a esses clientes,

e nada mudará. Apenas passaremos a ter uma estratégia mais ativa na

captação de clientes do segmento 'afluent' (outra designação para

premier)", adiantou Carlos Brandão.

No ponto da inovação, o banco irá

continuar a apostar em "ferramentas digitais" que permitam

satisfazer as necessidades dos clientes que, nos dias de hoje,

recorrem cada vez menos ao balcão.

Tudo este reajustamento irá permitir

melhorar a eficiência do banco que, segundo os responsáveis, é o

quarto pilar da nova estratégia do banco.

No dia 8 de maio, o presidente

executivo do Barclays, Antony Jenkins, anunciou a revisão da

estratégia do grupo, para se focar nas "áreas onde tem

capacidade e vantagem competitiva", e que passava pela supressão

de 14 mil empregos só este ano.

Nessa altura foi assumido que a

presença do banco em Portugal deixou de ser considerada estratégica

para o grupo britânico, o que implicaria um eventual fim da

atividade de retalho no país a médio prazo.

A reestruturação pensada passa pelo

agrupamento das atividades do grupo consideradas não estratégicas,

uma vez que, para a gestão do Barclays, estas não dão retornos

adequados e não se perspetiva que o façam.

Dentro destas, está incluída a

atividade de retalho do Barclays na Europa, onde se insere a

atividade a retalho em Portugal.

"Muitos dos negócios 'non-core'

[não estratégicos] do Barclays são rentáveis e alguns serão

atraentes para outros proprietários. Vamos continuar a geri-los

ativamente, protegendo-os e explorando opções de venda ou de saída

ao longo do tempo", afirmou, na altura, Jenkins.

Já os negócios do BarclaysCard e

Barclays Investimento não serão afetados, uma vez que não foram

incluídos no pacote de ativos "não core".

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