BCE corta taxas de juro e previsões de crescimento deste ano e do próximo

Taxa de juro principal cai de 3,25% para 3%. Crescimento da economia da Zona Euro vacila e será de apenas 0,7% este ano e 1,1% em 2025, indica o Banco Central Europeu, que também cortou nestas previsões económicas.
BCE corta taxas de juro e previsões de crescimento deste ano e do próximo
Publicado a

As taxas de juro de referência da Zona Euro vão descer novamente em dezembro e pela quarta vez desde o pico de 4% atingido em setembro do ano passado, anunciou o Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira.

O conselho do BCE "decidiu reduzir as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base [0,25 pontos percentuais]", baixando assim de 3,25% para 3% a taxa de juro da  facilidade permanente de depósito – a principal taxa de referência, "através da qual o BCE define a orientação da política monetária".

A autoridade monetária sediada em Frankfurt revelou ainda que a economia está mais fraca do que se antecipava nas previsões de há três meses, cortando nas estimativa de recuperação económica deste ano e do próximo.

Em 2024, a economia do euro deve quase estagnar, crescendo apenas 0,7% (em setembro, o BCE dizia 0,8%). Em 2025, o crescimento real da Zona Euro será de apenas 1,1%, menos do que os 1,3% previstos há três meses.

O BCE decidiu descer taxas porque a inflação, que em 2022 chegou a ultrapassar os 10%, está a recuar de forma notória, bem como a atividade económica, com grandes economias como a Alemanha mergulhadas em dificuldades sérias.

Mas para o BCE, "o processo desinflacionista está bem encaminhado" e isso é o mais importante.

"Os especialistas do Eurossistema projetam que a inflação global se situe, em média, em 2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027, ano em que passa a estar operacional o Sistema de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia alargado".

Excluindo os preços dos produtos energéticos e alimentos, o BCE prevê que a inflação subjacente seja 2,9% em 2024, 2,3% em 2025 e 1,9% em 2026 e 2027, referindo que "a maioria das medidas da inflação subjacente sugere que a inflação estabilizará, numa base sustentada, em torno do objetivo de médio prazo de 2%".

Em todo o caso, o banco central presidido por Christine Lagarde avisa que embora a inflação interna esteja a descer "ligeiramente", esta "permanece elevada, sobretudo porque os salários e os preços em determinados setores ainda estão a ajustar-se, com um desfasamento substancial, à anterior subida acentuada da inflação".

Aumentos anteriores das taxas de juro ainda se fazem sentir

A forte subida de taxas de juro do passado recente implementada pelo BCE, que fez o custo dos empréstimos disparar de 0% em meados de 2022 para 4% em setembro de 2023 (portanto, uma subida em flecha em pouco mais de um ano), arrefeceu preços, mas também consumo, investimento e procura de crédito.

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de política monetária, Lagarde explicou que "a restritividade das condições de financiamento está a diminuir, dado que as recentes reduções das taxas de juro estão a tornar gradualmente a contração de novos empréstimos menos onerosa para as empresas e as famílias".

Mas também reconheceu que "as condições de financiamento continuam a ser restritivas, porque a política monetária permanece restritiva e os anteriores aumentos das taxas de juro ainda estão a ser transmitidos ao stock de crédito em dívida".

Assim, "os especialistas do Eurossistema esperam agora uma recuperação económica mais lenta do que o avançado nas projeções de setembro", constatou Lagarde.

"Apesar da recuperação do crescimento no terceiro trimestre deste ano, os indicadores de inquéritos apontam para um abrandamento no trimestre atual" e prevê-se "que a economia registará uma taxa de crescimento de 0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027", acrescentou.

Esta "recuperação assenta principalmente na subida dos rendimentos reais – que deverá permitir às famílias consumir mais – e no aumento do investimento das empresas", espera agora a antiga diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt