Lagarde. Zona euro está outra vez à beira de uma nova recessão

"Intensificação das medidas de confinamento terá levado a um declínio na atividade no quarto trimestre de 2020 e também deve pesar sobre o primeiro trimestre deste ano", referiu a presidente do BCE.
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Aconteceu no primeiro confinamento para deter a primeira vaga de covid-19, deve acontecer neste segundo confinamento. A zona euro está prestes a cair numa nova recessão técnica, isto é, dois trimestres consecutivos de quebra da atividade económica, avisou a presidente do Banco Central Europeu (BCE), na conferência de imprensa que se seguiu à reunião sobre política monetária e taxas de juro, esta quinta-feira.

"Após uma contração acentuada no primeiro semestre de 2020, o produto interno bruto (PIB) real da zona euro euro recuperou em força e aumentou 12,4%, em termos trimestrais, em cadeia, no terceiro trimestre, ainda que o PIB tenha ficado bem abaixo dos níveis prépandémicos", começou por observar Christine Lagarde no encontro com jornalistas, em Frankfurt.

No entanto, "os últimos dados económicos, inquéritos e indicadores de alta frequência sugerem que o ressurgimento da pandemia e a intensificação associada às medidas de confinamento terão levado a um declínio na atividade no quarto trimestre de 2020 e também devem pesar sobre a atividade no primeiro trimestre deste ano".

Portanto, a reta final de 2020 foi marcada por uma quebra da economia e os primeiros três meses deste ano vão pelo menos caminho. Recessão à vista, a segunda em menos de um ano.

"A evolução económica continua a ser desigual entre setores, com o setor de serviços a ser mais adversamente afetado pelas novas restrições à interação social e mobilidade do que o setor industrial", referiu a presidente do BCE.

Sobre o futuro, Lagarde confia que a vacinação, iniciada no final de dezembro, "permite uma maior confiança na resolução da crise sanitária", só que "levará algum tempo até que a imunidade generalizada seja alcançada".

Além disso, "não podemos descartar novos desenvolvimentos adversos relacionados com a pandemia".

Assim, "no médio prazo, a recuperação da economia da zona euro deverá ser apoiada por condições de financiamento favoráveis, orçamentos públicos expansionistas e uma recuperação da procura, à medida que as medidas de confinamento são levantadas e a incerteza diminui".

Se a segunda vaga da pandemia está a empurrar a zona euro para uma nova recessão e os riscos são negativos, estes últimos parecem menos gravosos porque houve alguns pontos positivos nas últimas semanas e que ajudam a economia global e a do euro.

"As notícias sobre as perspetivas para a economia global, o acordo sobre as futuras relações entre a União Europeia e o Reino Unido, e o início das campanhas de vacinação são encorajadoras, mas a pandemia em curso e as suas implicações para as condições económicas e financeiras continuam a ser fontes de risco negativo", referiu a ex-chefe máxima do FMI.

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