BCP cobrou 560 milhões em comissões, o valor mais alto da banca privada

Banco reportou lucro histórico de 856 milhões de euros no ano passado, dos quais 724,9 milhões obtidos em Portugal.
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No ano em que reportou um lucro histórico de 856 milhões de euros, mais do que quadruplicando o resultado face ao exercício anterior, o Millennium BCP liderou a tabela dos bancos privados que mais receita encaixaram por via do comissionamento, com os clientes a pagarem 560,3 milhões de euros, segundo o comunicado submetido ontem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Este valor compara com os 457 milhões de euros cobrados pelo Santander, 293,3 milhões pelo Novobanco, 291 milhões pelo BPI e 127 milhões de euros pelo Montepio. 

Em concreto, as comissões relacionadas com o negócio bancário cifraram-se em 471,4 milhões de euros, decrescendo 0,3% em termos homólogos, e os pagamentos associados a operações nos mercados totalizaram 88,9 milhões de euros, subindo 1,4%. Esta evolução, explica a instituição liderada por Miguel Maya, derivou de dinâmicas distintas no que respeita ao tipo de comissões que compõem os dois agregados. Significa isto que, enquanto os encargos relativos a cartões e transferências cresceram, as referentes a operações de crédito e garantias caíram, refletindo “a menor produção de crédito” e as “restrições legais impostas”.

Não obstante as imposições legislativas que, neste contexto excecional de altas taxas de juro, proíbem os bancos de exigir aos clientes um conjunto de cobranças no âmbito do crédito à habitação, o montante arrecadado pelo BCP permaneceu em linha com o de 2022 - nesse ano, o banco registou comissões líquidas de 560,6 milhões de euros, apenas 0,05% acima do apurado em 2023. Já considerando a atividade internacional, o valor ascendeu aos 771,7 milhões de euros, mantendo-se praticamente inalterado.

De acordo com a informação também apresentada ontem pelo CEO e outros administradores numa conferência de imprensa no Taguspark, em Oeiras, o produto bancário do grupo disparou 31,9%, para 3,76 mil milhões de euros. Este avanço fez-se sobretudo do lado da margem financeira (respeitante à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos), que aumentou 31,4%, para 2,82 mil milhões de euros, beneficiando da política monetária.

“Hoje em dia parece que há uma certa vergonha no facto de as empresas apresentarem bons resultados, ora, nós temos muito orgulho em apresentar lucros porque são as empresas que o fazem que contribuem para o crescimento do país.” Assim anunciou Miguel Maya um resultado líquido de 856 milhões de euros em 2023, que compara com os 197,4 milhões do ano anterior (mais 333%).

A atividade em Portugal contribuiu com 724,9 milhões de euros, mais 381,4 milhões (90%) do que no período homólogo, ao passo que o polaco Bank Millennium, detido em 50% pelo grupo, continuou a penalizar as contas, com os encargos associados a totalizarem 779,7 milhões de euros. A venda de 80% da participação na Millennium Financial Services, no valor de 139,1 milhões, por seu turno, beneficiou os resultados.

Garantindo que o banco está agora preparado para o futuro, “com capitais robustos e um nível de rendibilidade adequado”, o gestor salientou o facto de o ROE (rácio que mede a capacidade de uma empresa gerar retorno para o acionista) ter disparado 12,1 pontos percentuais, para 16%. No final de dezembro, o banco tinha em 6242 trabalhadores em território nacional, menos dez do que um ano antess, e 399 sucursais, menos nove que em 2022.

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