Quando trabalhei na promoção de Lisboa tentava melhorar continuamente as apresentações que fazia para captar talento, empresas e investimento.
A determinada altura comecei a usar uma fotografia de Lisboa, vista do rio, linda, e após uma pausa, explicava como a beleza era fundamental para o sucesso: de edifícios (tornando-os muito mais valiosos), produtos, pessoas... e cidades. E do papel que tinha tido no passado recente de Lisboa.
Contava como a cidade passara da decadência a estrela, desfiando argumentos, vantagens e qualidades. Porque a beleza, sendo fundamental, não é suficiente.
Daquela perspetiva, Lisboa continua a ser uma das cidades mais bonitas do mundo. E até aprecio alguma decadência, patine. Mas não vejo beleza nas calçadas sujas, mobiliário urbano vandalizado, publicidade ilegal, tags, plásticos eleitorais pendurados nos candeeiros, faixas e outdoors a tapar monumentos e enquadramentos. Então se o dia está enevoado é depressão pela certa.
Nos anos 60, nos EUA, Lady Bird Johnson desenvolveu uma campanha de embelezamento das cidades, lutando contra a publicidade exterior e a favor da limpeza e da plantação de árvores e flores. Acreditava que o ambiente que nos rodeia molda a nossa vida e que a beleza do espaço público melhoraria a saúde mental e o bem-estar social.
Krus Abecasis, quando presidente da CML, aprovou e implementou um regulamento que disciplinava a colocação de propaganda partidária em locais específicos e durante as campanhas eleitorais, (como noutros países), que deu resultado.
Quem lhe seguiu anulou o regulamento. E nos últimos anos a situação está cada vez pior. A maioria dos cartazes colados de forma selvagem, impensáveis noutros países, são patrocinados pela própria CML. Agora até temos outdoors de campanhas de outros municípios. Se a moda pega, são 308....
O que falta aos nossos responsáveis políticos? Sensibilidade? Bom gosto? Cultura? Inteligência? Força?
Haja bom senso. Tanta porcaria para quê? Não se esqueçam que a beleza é fundamental.
Gestor