Bem-vindos ao Reino (desencantado) da Europa

Cabe à Easypay, e a outras empresas portuguesas com a mesma ambição, analisar outros mercados.
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No rescaldo da notícia que apanhou a Europa na curva, onde poucos de nós esperavam um Brexit, muito se disse sobre este tema e a Easypay...não podia ficar indiferente a este balde de água fria.

Afinal​,​ o Reino Unido sempre foi a Meca das fintech, com volume de negócios de 74% ao ano desde 2008, ​tendo no referido período aumentado​​ 8​ vezes o volume de investimento (US$256 milhões em 2013).

Estes valores surgem, ​não só ​fruto de uma boa base de clientes, tecnologicamente sofisticados, ​mas também de ​um país com um boa disponibilidade de capital de negócios, apoio à regulamentação e boas infraestruturas de serviços financeiros. ​

A​ destacar ainda​ que​ estamos a falar de um país que se propôs emitir 10 Licenças Bancárias​ em 2016​...tornando-o ​ainda mais ​apetecível. O Reino Unido era sem dúvida o mais ​atrativo​ e óbvio mercado para a Easypay. Com todos estes ingredientes, o mercado ​d​o Reino Unido era a nossa referência, sempre com o objetivo de cruzarmos o nosso percurso com o nosso parceiro histórico.

Bem, falando no duplo balde de água fria:

- O efeito surpresa: aquilo que começou por ser uma forma de pressão sobre Bruxelas, em janeiro de 2015, acabou por ser um chá das cinco bem agitado. ​Passado​ ​o último ano em que tivemos um Reino Unido dividido entre o "Brexit" e o "Bremain" e após a deputada Jo Cox ter sido assassinada, ninguém adivinhava que na quinta-feira, 23 de Junho, a Europa acordasse com a saída do Reino Unido.

- ​"Hold the horses": não será apenas a Guerra dos Tronos a ser impactada com esta saída. Como já disse, o Brexit teve um grande impacto na Easypay, fruto do Reino Unido ser, desde início, a nossa referência no mercado das fintech. É ainda de sublinhar​​ que​ a Easypay foi convidada a mudar a sua sede para o Reino Unido por diversas ocasiões. ​Perante estes factores ​de​ incerteza que se​ntimos, resta-nos repensar a nossa estratégia de expansão, analisar o investimento ​a​ f​azer e avaliar todas as nossas opções.

Muito tem sido falado, mas por muitos estudos e cálculos que sejam feitos, ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. Ao contrário dos que as autoridades britânicas falavam, o Brexit trouxe alguma instabilidade à União Europeia, obrigando os estados membros aguardar qualquer tomada de decisão face ao investimento no Reino Unido. Ao sector das fintech, o Brexit trouxe negatividade e incerteza, restando-nos ver o que nos espera, agora que a confiança no governo do Reino Unido ficou reduzida a muito pouco.

Cabe à Easypay, e a outras empresas portuguesas com a mesma ambição, analisar outros mercados, com dimensão não só física como também intelectual ​e com​ capacidade para encarar formas inovadoras de atuar na banca. Esperemos que seja como a final de futebol do Euro 2016...difícil sem o capitão da equipa em jogo, mas possível de alcançar excelentes resultados.

*CEO da Easypay

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