Benfica desperdiçou ou escapou de Textor?

Empresário que quis investir na Luz é dono do surpreendente líder do Brasileirão. Mas também vai afundando o outrora poderoso Lyon
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No futebol, os protagonistas podem, numa semana, ser heróis e, na seguinte, vilões - é do jogo. Mas John Textor, o empresário norte-americano que, em 2021, quis investir no Benfica e é proprietário da Eagle Football Holdings Limited, empresa que detém a maioria das ações de meia dúzia de clubes mundo afora, às vezes é herói e vilão no mesmo dia.

Dono de 90% do Botafogo, clube do Rio de Janeiro que há duas épocas penava na Série B do Brasileirão, Textor tem estatuto de semideus por lá: afinal, o gigante adormecido está perto de ser campeão 28 anos depois, à frente de favoritos como Palmeiras, Flamengo e outros.

Sob a batuta de Luís Castro, o Fogão conquistou um avanço tão significativo na classificação que nem a saída extemporânea do treinador português para o Al-Nassr, primeiro, nem a contratação equivocada do compatriota Bruno Lage para o seu lugar, depois, abalaram.

À noite, Textor deve sorrir ao olhar para a classificação. Mas à tarde chora ao ver o Lyon, supostamente a joia da coroa da Eagle, em penúltimo na Ligue 1 francesa, com três pontos em 24 possíveis e a protagonizar o pior arranque de época do século.

No fim do ano passado, Textor pagou 800 milhões de euros pelo emblema sete vezes campeão francês. Mas a DNCG, órgão regulador das finanças do futebol francês, descobriu irregularidades nas contas do clube e impediu-o de aumentar a folha salarial e reinvestir o dinheiro ganho em transferências.

Textor tentou então uma manobra - contratar o promissor Ernest Nuamah através do RWD Molenbeek, outro clube do grupo Eagle - que a FIFA deve punir. E agora, em desespero, equaciona vender o estádio do Lyon e um clube de futebol feminino, também da Eagle, nos EUA.

Entretanto, Lucas Perri e Adryelson, dois internacionais brasileiros do Botafogo, já estão a caminho do Lyon para a próxima época - podem, no limite, sair de um clube campeão para um clube de segunda divisão.

Afinal, o Benfica escapou do empresário que arruína o Lyon ou desperdiçou o gestor que reergueu o Botafogo? A verdade deve estar algures entre uma coisa e outra, assim como o Crystal Palace, outro dos seus clubes, firme no meio da tabela da Premier League.

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