'Big Brother' dos idosos portugueses dá apoio 24 horas por dia

Chama-se Sempre Consigo e é um serviço da Prosegur em parceria com a Cruz Vermelha que vem com um dispositivo para dar apoio aos idosos.
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O ser humano vive, em média, cada vez mais tempo. Os países desenvolvidos têm cada vez mais população acima dos 70. “Existem em Portugal mais de um milhão de idosos acima dos 75 anos e temos mais de cinco mil acima dos 100 anos de idade”. Quem o diz é Francisco George, o ex-diretor-geral da Saúde, eleito em outubro passado como presidente da Cruz Vermelha.

O responsável – ele próprio um septuagenário (foi esse o motivo pelo qual foi ‘obrigado’ a sair do SNS) –, esteve na apresentação do novo serviço da Prosegur em parceria com a Cruz Vermelha. O Sempre Consigo serve, precisamente, como uma espécie de assistente pessoal para muitos idosos que precisam de ajuda. A chamada teleassistência que o pequeno gadget permite, alerta os serviços médicos em caso de emergência e mantém o registo da localização da pessoa em situações de desorientação ou perda.

Como funciona?

O pequeno gadget é feito de forma simples e sem ecrã tátil, para que possa ser usado por qualquer pessoa. Tem quatro botões configuráveis. O primeiro coloca o idoso em contacto direto com o call center especializado da Cruz Vermelha. “Temos pessoas experientes e com formação que estão disponíveis até para dar apoio psicológico ao idoso”, explicou ao Dinheiro Vivo Ana Margarida Soares, coordenadora da Teleassistência da Cruz Vermelha Portuguesa, na apresentação do novo serviço.

O segundo botão coloca o idoso em contacto com a própria Prosegur, caso tenha dúvidas sobre o equipamento e o terceiro e quarto botão são configuráveis para o idoso contactar algum familiar ou cuidador (os alertas podem ser feitos por SMS ou chamada).

A ideia é que a pessoa com o aparelho não perca a autonomia e o cuidador possa ter a certeza de que será avisado, caso algo aconteça. Há ainda a tal vertente de uma espécie de assistente pessoal da Cruz Vermelha, que pode dar auxílio médico por telefone ou enviar mesmo ao domicílio um médico da Cruz Vermelha – em último caso até chamar o 112.

Em caso de queda, o próprio aparelho tem um sensor que emite de imediato um alerta para o Centro de Atendimento Médico – funciona 24 horas por dia – que de imediato avisa o cuidador ou o familiar de contacto e, se a situação assim o justificar, os serviços de emergência médica.

Testámos esta opção, da queda, na apresentação feita hoje em Lisboa. Na verdade, um movimento brusco no pequeno aparelho (que não é à prova de água) faz ativar o alerta automático e faz a respetiva chamada para os serviços. É possível cancelar de forma rápida, se for falso alarme.

“Muitas pessoas usam os falsos alarmes para falarem um pouco, para se sentirem menos sozinhas e isso não tem nada de mal, o serviço também tem essa função”, explicou Francisco George, que admitiu que os assistentes são pessoas experientes – existem quatro turnos – e “a ideia é que vá crescendo uma relação de familiaridade entre assistentes telefónicos e idosos”.

O centro de atendimento que está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, contacta o idoso de 15 em 15 dias e faz um rastreio com o idoso que depois é transmitido ao cuidador. E, se senão houver atividade em 48 horas, também contacta para ver se não há nenhum problema.

O aparelho é carregado como se de um telemóvel se tratasse – na verdade até tem cartão SIM, como um telemóvel – e há um aviso sonoro quando chega aos 20% de carga. Se a pessoa for de férias é só avisar que estará sem usar o serviço durante uns dias.

Big Brother da geolocalização para Alzheimer

Pessoas com demência ou Alzheimer também podem beneficiar com este serviço. Ao ter geolocalização, o cuidador pode definir uma zona de segurança (pode haver até cinco zonas, caso o idoso vá passar uns dias a casa de algum familiar) e receber um alerta sempre que o dispositivo ultrapasse os limites estabelecidos. Esta função é mais indicada para o cidadão sénior que começa a apresentar problemas de orientação no espaço. A geolocalização permite ainda visualizar todo o percurso realizado.

Outra vantagem do serviço é poder haver um chamado de vigilante (existem 90 espalhados pelo país) da Prosegur, que fica com uma cópia da chave da habituação e, sempre que for preciso, pode ir lá abrir a porta de forma imediata. “É um lado da teleassistência que ainda não havia em Portugal”, disse Cipriano Monteiro, um dos responsáveis da Prosegur.

Neste momento o serviço já conta com 200 clientes e, se aumentar, a Cruz Vermelha garante que vai aumentar o número de assistentes (neste momento têm quatro pessoas por turno). Ana Margarida Soares indica ainda que há médicos ligados à Cruz Vermelha em todo o país, incluindo nas ilhas, por isso o serviço é mesmo nacional. “Se alguém viver num local mais remoto do país, o médico mais próximo pode demorar um pouco mais, mas chegamos a todo o lado”, explicou a responsável. A Prosegur centraliza todos os dados de georreferenciação para este serviço nos seus serviços em Lisboa, onde tem 120 pessoas no call center.

E quanto custa?

O pequeno aparelho custa 200 euros (clientes da Prosegur pagam 175). Depois o serviço tem um custo mensal base de 24 euros (mais IVA) no pacote prata (que não inclui o médico ao domicílio nem o serviço de vigilante). O pack Ouro custa 32 euros (tem vigilante e médico ao domicílio – custa 10 euros por visita –, e inclui 120 minutos de chamadas). O pack platina custa 38 euros e inclui 500 minutos de conversa, médico ao domicílio ilimitado e dá para juntar no pacote cinco membros do agregado familiar.

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