Se no Camboja tinhas 40 dólares, aqui tens um milhão de dongs. E isso dá para quê exatamente? Piscina com casa? Barco sem capota? Lagosta com gosto a caviar? É que nem pensar..Por 1.000.000 de dongs tens direito a um quartito, três refeições básicas, uns cafés e umas cervejas. Ai queres massagens? Usa as mãos!.Até agora a melhor coisa do Vietname foi a cerveja. É coisa para se encontrar a 16 cêntimos, o que equivale a quase duas pastilhas Gorila (das fininhas). Não vale a pena espraiar-me sobre o potencial de um país ao sol, onde a cerveja é mais barata que a garrafa de água, pois não? É a diferença entre uma Happy Hour e uma Happy Life!.A pior coisa é o trânsito. O Vietname tem mais motas que notas. E o problema não é tanto para quem guia mas para quem anda. Aqui em Saigão, percebi que não é só na guerra e no xadrez que quem se trama é o peão. Atravessar a rua é coisa para bravos. Eu cá, aprendi a ficar na esplanada. Como os generais e as rainhas..Outra coisa que os vietnamitas têm de sobra são palavras pequenas. À primeira vista parece que separam tudo em sílabas. "Palavra" em estilo vietnamita seria qualquer coisa como "Pah láh vhra", com acentos novos, pontos que se escondem por baixo das letras e cedilhas que sobem para cima das cujas, sempre que lhes apetece..Quando os portugueses cá chegaram, lá para 1516, chamaram a esta zona do Sul, Conchinchina. O nome original era Kuchi (Cochim) mas como já tínhamos a Cochim na Índia, ficou a Cochim da China..Além de sinónimo para qualquer sítio que fique "longe para burro", a capital da Conchichina, teve vários nomes pequeninos antes de ser Saigão e de, finalmente, ter levado o nome do sorridente líder comunista, Ho Chi Minh..Viver em Ho Chi Minh é perceber porque é que se diz Good Morning Vietnam. O filme já adivinhava que manhã é mesmo a única altura boa para se experimentar esta cidade. Tudo o que é bom acontece entre as 5h e as 8h, quando os Viets vão para os parques abanar o esqueleto vaidoso. Depois disso, só resta caos e calor. O único escape possível é o do motor..Quem cá passar não pode perder a voltinha glamorosa pelo quarteirão francês, ver um teatro na Ópera, mandar o postal na linda estação dos correios (desenhada pelo Eiffel) e ir ver a Nossa Senhora que chora em Notre Dame. Também pode ir gatinhar nos hiper-turísticos túneis Cu Chi usados pelos Viet Congs, visitar o Museu da Guerra, ou sentir o sagrado nos variados templos e pagodes..A não perder a antipatia das donas dos bares que ficam bem no centro do distrito 1, é uma experiência social sem igual (felizmente)..Se só puder fazer uma coisa, aconselho, simplesmente, comer. Até agora, o mais excitante dever a fazer no Vietname. Mas isso já são cenas do próximo episódio, que é má educação escrever de boca cheia. Mesmo que sejam palavras pequenas tipo aperitivo. Bon nah pet ít!