Bitcoin. Montanha russa em 2018?

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Qual é a coisa (tecnológica) qual é ela que valia perto de 1000 dólares no dia 1 de Janeiro de 2017 e no dia 16 de Dezembro valia cerca de 19000 dólares, isto é, que tinha valorizado 19 vezes*?

Com tantas notícias recentes sobre o assunto e se não andou muito distraído com as compras de Natal, sei que muito provavelmente acertou. É uma das criptomoedas ou também chamadas de moedas eletrónicas ou virtuais, hoje existentes. É a Bitcoin.

Quando referi “coisa tecnológica” é porque uma criptomoeda é isso mesmo. Tanto na sua criação como no seu uso, estão altamente envolvidas algumas tecnologias de TI a nível de hardware e de software. Sem elas, não seria possível a existência de uma criptomoeda, de todo.

Críticas são as tecnologias associadas a processadores e circuitos integrados especializados, a redes, a base de dados distribuídas, a encriptação e outras. Uma das mais centrais e na qual muitos apostam para suporte futuro de largo número de outras aplicações é chamada de Blockchain e referida na Wikipedia como “base de dados em rede ou distribuída, com registos permanentes e à prova de violação”.

Ora, as tecnologias envolvidas permitem que não seja necessário um Gestor, entidade ou pessoa, que centralize, controle e monitorize as atividades relacionadas com a emissão, gestão e transação da Bitcoin. O que faz com que os Bancos Centrais das maiores praças mundiais e emitentes oficiais de moeda, nomeadamente o BCE, não considere que a Bitcoin seja uma verdadeira moeda, mesmo que eletrónica.

A Bitcoin tornou-se em 2017, fruto da sua valorização, um fenómeno e como sempre acontece com fenómenos atraiu uma vasta rede de fortes opiniões a favor e contra. Estas últimas tornaram-se mais vocais em 2017 quando começaram a achar que o fenómeno poderia pôr em causa organizações e regras envolvidas no ecossistema financeiro dominante e tradicional a nível mundial.

É que, como acontece noutros casos como sejam o da Uber mas não só, o fenómeno não se caracteriza apenas pelas tecnologias envolvidas por mais avançadas que sejam, mas pelos modelos de negócio e agregação de valor que põem em causa e fazem alterar de maneira disruptiva.

A Bitcoin não tem o futuro assegurado. Pese embora continue a ganhar algum suporte a nível institucional como sejam as entradas recentes em negociação em bolsas de futuros*, muitas outras forças e vozes, nomeadamente de autoridades, mas não só, estão a juntar-se contra ela ou pelo menos contra a sua filosofia e arquitetura sem centralidade no seu controlo e gestão.

Por outro lado, a Bitcoin tem contra si ou pelo menos em concorrência, outras criptomoedas como sejam a Aeon, Ethereum, Monero, Nxt, e terá também moedas digitais que os atuais Bancos Centrais venham a criar e sustentar como alternativas mais credíveis e suportadas por eles.

A seguir a sua valorização em 2018 … em formato montanha russa?

* Nota – na semana pré-natal de 2017, teve uma forte correção em baixa para perto dos 13000 dólares coincidindo, ou não, com a entrada da sua negociação em bolsas de futuros de Chicago/EUA. Entretanto recuperou mostrando a sua alta volatilidade.

Luís AP Deveza, Consultor de Gestão e TI

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