
A aproximação da Black Friday parece estar a animar os portugueses e até já há listas de compras, mas as previsões apontam para alguma contenção nos gastos. Um estudo da Netsonda conclui que nove em cada dez consumidores querem aproveitar a primeira grande campanha promocional que antecede o Natal, mas só estão dispostos a gastar uma média de 330 euros, menos 8% face aos 359 euros do ano passado.
Ainda assim, há mais pessoas que se dizem dispostas a gastar mais neste 29 de novembro (a Black Friday acontece sempre na última sexta-feira de novembro) face a 2023. O inquérito da Netsonda para a Worten revela que 31% dos consumidores prevê despender mais (26% em 2023) e sobretudo os que se situam na faixa etária dos 25-34 anos. Uma grande fatia dos inquiridos (38%) admite que irá gastar tanto como no ano passado.
As intenções de compra estão centradas na tecnologia (54%), moda e acessórios (38%), eletrodomésticos (36%) e livros (33%). A maior parte dos portugueses (72%) pretende aproveitar esta campanha promocional para adquirir produtos para seu próprio usufruto. Beneficiar das promoções é o motivo que deverá levar 55% dos consumidores a adquirir artigos nesse dia. E quase metade (47%) pretende usufruir deste momento de descontos para antecipar as compras de Natal.
Nos últimos anos, a Black Friday tem sido apontada como uma campanha de marketing enganadora, ou seja, as promoções anunciadas não correspondem a verdadeiros descontos de preço. Talvez por isso, o inquérito revela que atualmente 52% dos potenciais compradores na Black Friday têm por hábito acompanhar a evolução dos preços com uma antecedência entre um a dois meses. Em resposta ao DN/DV, fonte oficial da Worten considera haver agora "uma maturidade do consumidor, que aprendeu a discernir as vantagens das diferentes oportunidades e toma uma decisão mais consciente".
O estudo demonstra que 10% dos portugueses não têm qualquer intenção de adquirir produtos na Black Friday e a principal razão prende-se com falta de interesse/necessidade (29%). Há, no entanto, 26% que apontam o marketing enganador como justificação para não aproveitar o dia e 20% alegam que as lojas aumentam os preços na campanha. O consumismo e os preços fraudulentos são aliás os aspetos negativos mais associados à Black Friday. Pelo lado positivo, são apontadas as oportunidades e os bons preços.
Os consumidores têm aderido às compras online neste dia, embora os espaços físicos continuem a ser privilegiados. No caso da Worten, a marca tem apostado numa estratégia omnicanal, que "permite impactar todo o tipo de consumidor, seja aquele que prefere fazer as compras da Black Friday na loja (61% em 2023), seja aquele que aprecia mais os espaços online (37% em 2023). De acordo com fonte oficial da marca do grupo Sonae, a loja física da Worten foi o canal onde mais pessoas fizeram compras na Black Friday de 2023. A predominância do espaço físico, em comparação com o online, "pode ser explicada pelo regresso gradual aos formatos presenciais no período pós-pandemia, que cada vez mais funcionam como um complemento da loja online, e vice-versa", justifica.
Segundo o estudo, as compras na Black Friday apresentam-se estáveis em Portugal desde 2021. Fonte oficial da Worten adianta que, nos últimos quatro exercícios, "2024 foi o ano em que mais pessoas reconheceram ter feito compras na Black Fiday no ano anterior, num total de 75% dos inquiridos (em 2022 foram apenas 73%)". Esta pequena subida (não se referem a intenções, reportam a compras reais no ano anterior), "pode significar um crescimento das compras nesta altura".
O estudo teve por base uma amostra representativa da população portuguesa entre os 18 e os 54 anos, residente em Portugal Continental. A Netsonda realizou mil entrevistas para obtenção dos resultados. Esta dimensão de amostra corresponde a uma margem de erro de cerca de 3,1%.
Com Carla Alves Ribeiro