Foi em fevereiro de 2020 que a Bolt começou a partilhar veículos elétricos em Portugal. Faro foi a primeira cidade com trotinetas verdes da tecnológica da Estónia. No mês seguinte, a covid-19 acabou por travar os planos da plataforma, que só ganharam novo impulso perto do final desse ano. Quase dois anos depois, a equipa em Portugal é composta por 80 pessoas e há 40 vagas por preencher. As soluções partilhadas já estão em seis cidades.
"Estamos muito contentes com a aceitação que temos tido em Portugal. Provámos que a trotineta partilhada não é só para turistas. É um meio de transporte para reduzirmos as viagens de curta distância com carros particulares", destaca o responsável ibérico de micromobilidade da Bolt, Santiago Páramo.
Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o responsável assinala que as trotinetas (e bicicletas partilhadas apenas em Lisboa) complementam o transporte público no último quilómetro antes do destino.
Mas já lá vai o tempo em que a Bolt apenas apostava nas capitais. Hoje também é possível encontrar trotinetas partilhadas em outras cinco cidades: Coimbra, Braga, Barcelos, Setúbal e Cascais. "Em 2021, aprendemos que a micromobilidade não serve só para as grandes cidades; também pode funcionar em localizações mais pequenas", destaca ainda o responsável ao Dinheiro Vivo.
O início deste ano ficou marcado por uma nova injeção de capital. Os investidores colocaram mais 628 milhões de euros na tecnológica fundada em 2013 na capital da Estónia, Tallinn. Acelerar a transição para a mobilidade partilhada foi uma das metas anunciadas para todo o mercado.
Os efeitos vão chegar ao território nacional, garante Santiago Páramo: "Temos mais de 30 cidades na nossa lista para crescer em Portugal."
Mesmo sem adiantar possíveis localizações - por causa dos diálogos com os municípios - o responsável da Bolt lembra que nas principais cidades existem armazéns centrais que depois acabam por servir para localizações periféricas.
"Em Lisboa, por exemplo, existe um armazém central, que serve a cidade de Cascais, mas que também pode dar para Oeiras e Sintra." O armazém de Braga está ligado a Barcelos.
Só que as trotinetas da Bolt passam cada vez menos tempo nesses espaços: também a partir deste ano, toda a frota partilhada contará com baterias removíveis. Ou seja, será preciso o veículo estar muito danificado para ser "encostado" às boxes para reparação.
Também na região de Lisboa haverá uma novidade ainda neste trimestre: a empresa vai estrear as primeiras docas para carregamento das trotinetas após cada viagem. Não se sabe ainda qual será a freguesia contemplada pela solução, que faz lembrar as docas para a Gira, rede de bicicletas partilhadas da EMEL.
A nível europeu, a tecnológica da Estónia pretende colocar cerca de 1500 docas similares até ao final deste ano.
A segurança dos utilizadores é outra das apostas da empresa. Desde o final do ano passado que as noites de sexta para sábado e de sábado para domingo servem para testar as capacidades dos clientes. Antes de pegar na trotineta, cada pessoa tem de fazer um teste de reação rápida para perceber se está em condições para guiar uma trotineta.
Quem não passar no teste fica impedido de utilizar um veículo de duas rodas e leva uma recomendação para chamar um carro na aplicação móvel.
Se estiver a utilizar uma trotineta pela primeira vez, pode pedir, através da aplicação, para a diminuir a velocidade máxima do patamar dos 25 km/h, a fim de habituar-se à condução com o veículo.
Fica ainda a faltar uma solução tecnológica para impedir que os utilizadores deixem as trotinetas em lugares indevidos. Santiago Páramo, em vez disso, prefere apostar na educação preventiva, "para as pessoas saberem onde estacionar", assim como atribuir prémios de bom comportamento. A estratégia, argumenta o responsável, tem diminuído as multas da Bolt junto das autoridades, ao mesmo tempo que garante que os passeios continuam a pertencer aos peões e não às trotinetas mal estacionadas.
Mesmo assim, o quadro da Bolt não deixa de dar o recado: "É preciso que as cidades reduzam o espaço para os carros: em cada lugar para um automóvel podem caber seis ou sete trotinetas".
Resta saber que velocidade a tecnológica da Estónia vai alcançar ao longo deste ano com uma injeção de capital acabada de chegar.