Bons alunos, pouco sexo

Há poucos dados sobre o assunto, mas o que consegui apurar é suficiente para me levar a crer que a crise na zona euro tem muito a ver com falta de sexo.
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No estudo "Smart teens don't have sex (or kiss much either)", Halpern CT, Joyner K Udry JR e Suchindran C mostram correlações entre o QI dos adolescentes e a virgindade.

No estudo, cerca 70% dos adolescentes com QI acima dos 110, eram virgens, contra 58% dos que tinham QI entre 90 e 110 e 50% dos que tinham QI entre 70 e 90. Curiosamente, nos QI abaixo dos 70 o número era também de 70%. Ou seja os mais inteligentes e os menos inteligentes partilhavam a mesma ausência de comportamento sexual durante a adolescência.

Esta tendência parece continuar durante a universidade segundo um estudo do MIT. Enquanto 87% da população universitária nos EU já teve relações sexuais aos 19 anos, nas escolas de elite os números são muito mais baixos; no MIT, por exemplo, só 51% da população escolar não é virgem, e apenas 35% dos que acabam o curso teve relações sexuais: 65% dos economistas, 73% dos graduados em Ciência Política e 83% dos matemáticos do MIT acabam os cursos sem saber o que é bom.

É gente assim, nos Estados Unidos como aqui na Europa, que depois se senta nas administrações dos bancos, das maiores empresas, dos governos e nas altas instâncias da União. Uma gente inteligente e disciplinada, mas que teve pouco ou nenhum sexo durante a juventude; o que é preocupante.

Ser bom aluno, e ter média superior a 17 em universidades sérias, só é possível com uma fanática dedicação ao trabalho e uma reclusão quase absoluta e incompatível com a vida social necessária ao sexo a dois e de borla. Para ser muito bom aluno é preciso optar entre o estudo e a sociabilidade, entre a noite a queimar pestanas e a noite a queimar neurónios, entre a bibliografia aconselhada e actividades absolutamente desaconselhadas, entre a irmã da canhota e a Carlota.

O problema não é a falta de sexo, embora a produção de hormonas que lhe está associada seja consensualmente considera benéfica para a saúde mental, o problema é a falta de interacção social. O sexo resulta de relações sociais: de ouvir, dizer piadas, conversar. O sexo resulta da sedução que resulta da compreensão: de entender os outros, de saber como lhes chegar, em que botões tocar; resulta do aprender os outros.

Os muito bons alunos, os que passam os anos da juventude em clausura, os que desprezaram a interacção social, não aprenderam os "outros". Os "outros" que conhecem são dados estatísticos ou, quanto muito, caricaturas que ilustram os dados. Ora é com este conhecimento caricatural do que é uma pessoa, que estes bons alunos depois decidem.

A crise de 2008 resultou de más práticas de bons alunos; o BES e a PT (entre outros) estavam cheios de bons alunos; o Eurogrupo, o FMI, os Bancos Centrais são o Olimpo dos bons alunos. Deve haver uma correlação entre os males do mundo e a falta de sexo dos bons alunos.

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