Um portal que permite a marcação de consultas, disponibilização de análises clínicas e realização de teleconsultas Os 16 hospitais e 74 centros médicos que o grupo Ribera detém em Portugal, Espanha e Europa Central estão ligados aos pacientes através de um portal que permite, entre outras, a marcação de consultas, disponibilização de análises clínicas e realização de teleconsultas. O Cynara Citizen também serve para coordenar o centro de gestão de unidades e desenvolver planos de saúde digital personalizados, um avanço que só é possível devido à hiperconectividade. “Quanto maior o número de dispositivos e pessoas conectadas, maior a quantidade de dados disponíveis e, consequentemente, maior a capacidade de tomar decisões baseadas em dados e em tempo real”, disse ao Dinheiro Vivo o diretor de tecnologia do grupo Ribera Salud, Manuel Bosch Arcos. “Da mesma forma, a hiperconectividade permite realizar ações em larga escala e à distância, sem a necessidade de ter talento disponível em permanência em cada unidade de saúde.”A plataforma Cynara foi criada pelo braço tecnológico do grupo espanhol, que em Portugal gere o Hospital de Cascais, e usa várias tecnologias Microsoft e OpenAI, incluindo ferramentas de IA generativa e não generativa. Essa é uma das vertentes que o Ribera está a implementar no Hospital de Cascais, para a análise de dados, e seguir-se-ão mais funcionalidades Cynara em 2026 para gestão de saúde da população. Uma das vantagens do sistema é que permite acompanhar indicadores de saúde dos pacientes, com especial atenção aos que têm doenças crónicas. Se for necessário, os profissionais podem intervir mais rapidamente em vez de esperar pela próxima consulta, já que têm acesso remoto a indicadores médicos essenciais e comunicar com o paciente sobre o que deve fazer para evitar uma emergência. Por exemplo, controlo da glicemia num paciente diabético. “A conectividade é fundamental para a aplicação da tecnologia em larga escala. Sem conectividade, é muito difícil oferecer serviços à escala, abrangendo um grande número de pacientes”, frisou Manuel Bosch. “Além disso, dada a sensibilidade e criticidade destes serviços de saúde, é essencial que a conectividade seja estável e de qualidade, reduzindo a latência e eliminando qualquer falha de serviço”, salientou. Bosch, que liderou o processo de desenvolvimento e implementação do Cynara Citizen, salientou que a questão é particularmente importante nos contextos em que há menor conectividade ou menor conhecimento – por exemplo, em zonas rurais com menor cobertura e com populações que estão menos familiarizadas com a tecnologia. O intuito deve ser “estabelecer planos que garantam a prestação adequada do serviço.”O exemplo do grupo Ribera não é único em Portugal, onde várias entidades de saúde – sobretudo privadas – estão a transformar as suas abordagens com recurso à tecnologia. Para o partner da Deloitte Pedro Tavares, este é um dos sectores que mais se destaca neste momento em Portugal. “Percebeu muito rapidamente que novo mundo é este da hiperconectividade e trouxe pessoas muito válidas da indústria não saúde”, disse ao Dinheiro Vivo. “Algumas trouxeram mesmo as boas práticas de ter um CTO”, apontou, referindo-se ao cargo de diretor de tecnologia (Chief Technology Officer, na designação em inglês). “Nós tínhamos um diretor clínico, um diretor do hospital, quando muito um diretor de sistemas de informação, um DSI que reportava ao diretor financeiro, nunca à administração, e hoje não”, continuou. Hoje temos CTO dentro dos hospitais, o que demonstra a visão das entidades de saúde. “Do ponto de vista organizacional perceberam que o mundo mudou, está hiperconectado, e a forma como o negócio faz a interação com os seus pacientes teria que mudar. E mudou”, salientou o responsável da Deloitte. “Foi um sector que muito rapidamente em Portugal se soube adaptar.